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Copa do Brasil: Dorival Júnior explora virtude e iguala Felipão em títulos

Repertório do primeiro tetra com clubes diferentes vai do Santos de Neymar e do estrelado Flamengo ao modesto São Paulo e conturbado Corinthians

Dorival Silvestre Júnior foi demitido da Seleção Brasileira em 28 de março. Duzentos e sessenta e oito dias depois, comemorou, com o Corinthians contra o Vasco, o quarto título da Copa do Brasil em cinco finais. A única perdida foi à frente do Santos contra o Palmeiras, em 2016. Igualou-se a Luiz Felipe Scolari como o treinador recordista de troféus no mata-mata nacional, mas com um diferencial: é o único com vitorioso com quatro clubes diferentes. É uma virtude de como sabe lidar com diferentes de elencos, de estrelados a modestos.

O sistema preferido no Santos de 2010 era o 4-2-3-1. André era a referência, abastecido pelo ponta-esquerda Neymar, por Robinho na direita e Ganso centralizado. O plano oferecia liberdade para os laterais Pará e Alex Sandro apoiarem no ataque e recuava o volante Arouca para compor linha de três zagueiros com Dracena e Durval.

Dorival não é um treinador de impor uma formação. Costuma entender o que cada elenco tem a oferecer. Porém, coincidentemente, o 4-2-3-1 no Peixe funcionou para levar o São Paulo ao primeiro título da Copa do Brasil, contra o Flamengo, em 2023. Aquela versão do tricolor pode ser considerada mais modesta. Lucas Moura não era mais aquele de Tottenham e PSG. Porém, era o responsável por emular PH Ganso. Calleri era o André dele. Guardadas as devidas proporções, Rodrigo Nestor e Wellington Rato funcionam como Neymar e Robinho.

Um dos trunfos para aquela conquista foi conhecer bem o ex-clube. Um ano antes, havia ensaiado o rubro-negro aos títulos da Libertadores e da Copa do Brasil. O troféu nacional veio contra o Corinthians. Dorival mostrou adaptação ao melhor elenco da América do Sul para acomodar os principais craques no tradicional 4-3-1-2, com desenho de losango no meio. Thiago Maia era o cão de guarda. Everton Ribeiro e João Gomes iniciavam a saída. Arrascaeta era o maestro para servir Pedro e Gabigol. O fato de conseguir com que os dois atacantes jogassem juntos é um dos pontos que reforçam o bom trabalho e que contrariava as receitas anteriores.

Até abril, Dorival havia trabalhado nos três maiores clubes de São Paulo e em 14 da Série A do Brasileirão — considerando os representantes de 2025. Faltava o Corinthians. O ex-Seleção agarrou a oportunidade, apesar de encontrar um clube com bastidores em ebulição em meio ao processo de impeachment de Augusto Melo e chegada de Osmar Stabile, além da crescente crise financeira e do impedimento de realizar contratações. "Foi muito pesado tudo aquilo (na Seleção), muito pesado, porque as contestações foram muito grandes, as dificuldades muito grandes. Apoio, realmente, eu tive de poucas pessoas. Conhecendo a minha história dentro do futebol, poucas pessoas naquele momento me estenderam as mãos. E eu só tenho a agradecer a essas pessoas", desabafou após o título contra o Vasco.

O técnico foi sensível ao entender que não haveria possibilidades de conciliar as Copas e o Brasileirão. Era arriscado, tanto que foi incapaz de evitar a eliminação na fase de grupos da Copa Sul-Americana. Isso gerou um sentimento de dívida de Dorival com o clube. Foi uma campanha segura, com aproveitamento perfeito fora de casa, com cinco vitórias, incluindo contra os ricaços Palmeiras e Cruzeiro.

O título teve o 4-3-1-2 como base. Foi um time consistente, copeiro e capaz de suportar pressão e se trancar em momentos de necessidade, como contra o Vasco no Maracanã. A linha de quatro, com Matheuzinho, Gustavo Henrique, André Ramalho e Matheus Bidu e o goleiro Hugo Souza foram vazados em três oportunidades. Um motivo de orgulho: a equipe ficou a um gol de igualar a mais eficiente entre todos os campeões da Copa do Brasil. Em 2024, o Flamengo de Filipe Luís ergueu o troféu tendo tomado apenas dois em 10 jogos.

Memphis Depay e Yuri Alberto foram os intocáveis de Dorival Jr. durante a campanha, apesar das várias contestações durante os 10 jogos. Uma boa notícia para o futuro é o amadurecimento do atacante Gui Negão, observado e promovido pelo treinador em meio ao momento de necessidade. A história lembra o título da Série B de 2009 pelo Vasco, quando lançou Philippe Coutinho.

Jogadores celebram conquista com 10 mil pessoas em SP

O elenco do Corinthians comemorou com a torcida a conquista da Copa do Brasil com os torcedores, ontem, em São Paulo A festa ocorreu na Neo Química Arena, em Itaquera, Zona Leste da capital paulista.

Durante a celebração, prevista para começar às 11h e que só teve início por volta de 12h30, não faltaram provocações aos rivais. Em cima do trio elétrico, o atacante Romero pegou o microfone e tirou sarro do Palmeiras. "O Palmeiras não tem Mundial", disparou o paraguaio, para delírio dos torcedores presentes.

O zagueiro Gustavo Henrique era um dos mais animados na comemoração. O defensor puxou o grito de "poropopó" com a torcida, provocando o Vasco, derrotado na final no Maracanã. Também houve manifestação de "Fica, Soldado", pela permanência do diretor executivo de futebol alvinegro.

Os jogadores subiram em um trio elétrico para comemorar com os torcedores. Os atletas mostraram o troféu da Copa do Brasil para os fãs. Bandeiras foram colocadas em diversos pontos do automóvel.

A Polícia Militar estima que aproximadamente 10 mil torcedores estiveram presentes na Neo Química Arena. Alguns fãs chegaram a passar mal por conta do forte calor em São Paulo. Eles foram antedimentos, e a organização distribuiu água.

Matheuzinho, Yuri Alberto e Hugo Souza ainda foram se encontrar com torcedores, gerando uma pequena confusão no local. A PM impediu que o volante Breno Bidon se aproximasse dos corintianos presentes.

A delegação alvinegra fez festa no Maracanã e desembarcou em Guarulhos durante a madrugada de domingo para segunda. Houve uma festa privada na Neo Química Arena.

Os atletas do Corinthians entraram de férias de ontem. O time se reapresenta em 3 de janeiro, de olho na disputa do Campeonato Paulista. O primeiro compromisso será contra a Ponte Preta, em 11 de janeiro, às 16h, na Neo Química Arena.

 

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