Os professores da rede pública do Distrito Federal, manifestantes, seguiram em protesto até a sede da Secretaria de Estado de Educação (SEEDF), no Shopping ID, após assembleia realizada na manhã desta segunda-feira (16/6). A decisão pela continuidade da paralisação foi tomada em votação entre os educadores, que se reuniram no estacionamento do Eixo Cultural Ibero-Americano, próximo à Torre de TV.
Durante a caminhada até o Setor Hoteleiro Norte (SHN), onde fica o shopping, o grupo de manifestantes interditou parcialmente o trânsito na região. O ato foi acompanhado pela Polícia Militar do DF (PMDF), e, ao chegarem em frente à SEEDF, os professores foram contidos com spray de pimenta. A reação policial gerou tensão e revolta entre os presentes.
Com gritos de “A greve continua, Ibaneis a culpa é sua”, os educadores denunciaram o que classificam como descaso do Governo do Distrito Federal (GDF) com a categoria.
O professor e morador de Planaltina, Diego Lima, 37 anos, conta que hoje a assembleia começou às 9 horas. “O governador precisa lembrar que a gente também é população, que educação passa pela mão do professor. O professor precisa ser valorizado e respeitado. Nós vamos lembrar disso nas próximas eleições. Nós queremos ser ouvidos”.
“Queremos uma proposta que apresente uma melhoria significativa no nosso plano de carreira, que já faz mais de 10 anos que ele não é alterado. A gente busca o aumento, o reajuste, e também uma equitação dos valores da progressão horizontal, equiparada às outras carreiras. É muito desigual a um doutorado, mestrado de um professor em relação às outras categorias que recebem 40%, 30%, e se a gente observar um professor com doutorado ganha 5% de alteração no seu salário. Então, a gente precisa dessas atualizações, para ter mais dignidade”, completa.
A professora de educação física, Cláudia Andréa Barbosa, 61, está triste com a situação da greve. “Está desesperador. Pedimos coisas básicas para a sobrevivência. As escolas são superlotadas, com alunos portadores de autismo e não tem ninguém para ajudar. Temos alunos que precisam de um apoio, de um suporte e não tem isso”.
“Os professores estão adoecidos, não tem suporte. Tem cinco mil professores para serem chamados, e o governo não chama. 70% dos professores são contratos temporários. A gente nunca foi tão humilhado. O governador está tratando com total desrespeito. Ele deveria participar de alguma aula um dia na escola para ver o sofrimento do professor” desabafa Cláudia.
Por conta do protesto, o Shopping ID foi temporariamente fechado e cercado por policiais militares. O trânsito também foi impactado nas proximidades do Estádio Nacional Mané Garrincha e do SHN, com bloqueios parciais a partir das 11h30.
Segundo o deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF), que estava discursando na manifestação, o governo marcou uma reunião no Tribunal de Justiça dos Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) para tratar da ocasião.
A greve dos professores, que iniciou em 2 de junho, completa duas semanas. Entre as principais reivindicações da categoria estão o reajuste salarial de 19,8%, a reestruturação da carreira, a nomeação de aprovados em concurso público e a correção do envio de dados de professores temporários ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que impacta diretamente nos direitos previdenciários desses profissionais.
O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) afirma que a paralisação continua por tempo indeterminado. A próxima reunião está marcada para o dia 24 de junho.
*Estagiária sob a supervisão de Luciana Corrêa
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