Escolas públicas do Distrito Federal têm utilizado a educação ambiental como instrumento de transformação dentro e fora da sala de aula. Projetos que envolvem reciclagem, hortas, coleta seletiva e reaproveitamento de materiais ganham espaço nas unidades de ensino, estimulando a consciência ecológica dos alunos e, ao mesmo tempo, contribuindo para melhorar a infraestrutura das escolas.
No Centro Educacional 02 do Cruzeiro, alunos do ensino médio participam do projeto "Eletrônico não é lixo", em parceria com a ONG Programando o Futuro, em que resíduos eletroeletrônicos são arrecadados durante uma gincana entre as turmas e coletados pela instituição para o descarte e reaproveitamento adequado. A cada 500kg de resíduos arrecadados, a escola recebe um computador como incentivo.
"Hoje, nosso laboratório de informática funciona graças a essas máquinas que foram arrecadadas com o empenho dos alunos", afirmou o diretor da escola, João Leal. Apenas no primeiro ano da iniciativa foram arrecadadas 14 toneladas de resíduos, o que resultou em 28 computadores para a unidade.
"Quando o projeto começou, a turma se mobilizou de forma intensa, buscando televisões, máquinas de lavar e outros equipamentos velhos no Cruzeiro inteiro", contou Elisa Mendes Pereira Pena, de 18 anos. O colega João Vitor Alves do Nascimento, também de 18, lembra que o clima de competição deixou a experiência ainda mais envolvente. "Era desafiador. A gente saía perguntando no bairro inteiro se alguém tinha aparelho quebrado para doar. Parecia um jogo fora da escola, só que com um propósito maior", disse.
Meio ambiente
Já no Centro de Ensino Fundamental Gan, o cuidado com o meio ambiente dura o ano todo. O projeto Ecogan, busca promover o reaproveitamento e destinação correta dos resíduos produzidos na unidade para evitar o envio dos materiais ao aterro sanitário. O trabalho já resultou em melhorias como a revitalização de espaços e a compra de uma mesa de ping-pong com recursos obtidos pela venda de materiais recicláveis..
Segundo a professora de história e coordenadora do projeto, Júlia Mello, a iniciativa tem mudado a relação dos estudantes com o meio ambiente e também com a própria escola. "Conseguimos dar destino adequado aos restos de comida com o galinheiro. Depois, passamos a separar, também, papel e plástico. As tampinhas vão para o projeto de castração e as latinhas nós vendemos com o apoio de uma cooperativa. A meta para esse ano é comprar a mesa de air hockey com esses recursos e eles se dedicam muito para isso", afirmou.
"Quando comecei a separar o lixo, percebi como o projeto era sustentável e útil. Agora a escola ficou mais colorida, mais viva e com mais natureza", destacou a aluna Laura Sofia da Silva, 14. Melissa Santos de Almeida, também de 14, acrescentou: "O Ecogan ajuda a escola, o planeta e as pessoas; e consegue transformar o espaço com pequenas melhorias, como banheiros e mesas de ping-pong". Já Frederico Pinheiro Limões, 14, reforçou a influência do projeto fora da escola. "Mesmo em casa, consigo pensar melhor em como cuidar do meio ambiente e incentivar meus amigos a fazer o mesmo", afirmou.
Para a bióloga e professora Edriana Araújo de Lima, o projeto conecta os alunos com o meio ambiente e promove a sustentabilidade dentro da escola. "Aqui, eles participam da revitalização do galinheiro, da horta e do lago. Cada gesto deles, dentro e fora da sala, influencia o planeta", explica.
Ecopedagogia
A Escola da Natureza é pioneira em educação ambiental no Distrito Federal e oferece um ensino voltado exclusivamente para o desenvolvimento da consciência ambiental de estudantes e professores. A instituição promove atividades ecopedagógicas que vão desde o plantio de mudas e observação da fauna e flora até a valorização das culturas tradicionais do Cerrado.
"Aqui, os alunos têm a chance de vivenciar experiências que, muitas vezes, não teriam em outros lugares, como plantar, cuidar de jardins, conhecer culturas tradicionais e brincar em meio à natureza. Nosso objetivo é formar cidadãos críticos, conscientes e engajados socialmente, capazes de compreender seu papel na conservação do planeta", destaca a diretora, Lucrécia Silva.
Por sua vez, na Escola Parque da Natureza e Esporte (EPNE), estudantes do Ensino Fundamental aprendem sobre sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Além de aprenderem sobre plantas e animais, os estudantes participam de ações que resultam em melhorias concretas na escola, como a destinação correta de resíduos, a revitalização de espaços verdes e a implementação de melhorias em banheiros e áreas de convivência.
Para Fabiane de Castro Mota Kawaguti, professora de ciências e vice-diretora da EPNE, a educação ambiental vai além da sala de aula. "A principal mensagem que desejo transmitir é que somos parte do meio ambiente, não estamos separados dele. Ao envolver os alunos em projetos práticos, conseguimos melhorar a escola e, ao mesmo tempo, formar cidadãos conscientes", afirma.
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