O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) continua sendo o maior vestibular do Brasil. A primeira etapa será aplicada neste domingo (9/11) — linguagens, ciências humanas e redação) — e a segunda ocorre no dia 16/11, com as provas de matemática e ciências da natureza, áreas que costumam definir as maiores notas e o desempenho geral dos candidatos. Por isso, o segundo dia é, para muitos, o mais temido.
A prova de matemática é composta por 45 questões e, segundo especialistas, mais do que decorar fórmulas, o candidato precisa entender a lógica por trás. O coordenador de Matemática e professor do Bernoulli Educação, Igor Cunha, explica que o Enem "busca avaliar a aplicabilidade dos conceitos matemáticos, cobrando situações-problema que exigem interpretação e raciocínio".
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Cunha destaca que dificilmente o aluno encontrará enunciados diretos. O Enem quer saber se o candidato é capaz de usar a matemática para resolver situações reais, interpretar gráficos e reconhecer padrões.
Entre os conteúdos mais frequentes, estão funções, porcentagem, estatística, regra de três, resolução de problemas algébricos, reconhecimento de padrões, geometria plana e espacial e sequências numéricas. A questão pode envolver cálculo, mas o que realmente importa é o raciocínio e a interpretação.
De acordo com Cunha, a cada edição, a prova traz uma armadilha conhecida: o gerenciamento do tempo. O professor orienta que o candidato tenha estratégia desde o início. O tempo médio ideal para resolver toda a prova é entre duas horas e meia e três horas.
- Leia também: Enem aumenta acessibilidade dos candidatos
Sobre os erros mais comuns, ele cita as "pegadinhas" na leitura dos dados. "Questões de análise combinatória e probabilidade costumam confundir, porque exigem mais raciocínio do que fórmula. O candidato precisa ler com atenção e compreender o problema antes de tentar resolver", alerta.
Por dentro da TRI
O desempenho em matemática, no entanto, não depende apenas da quantidade de acertos. É a Teoria de Resposta ao Item (TRI) que transforma o número de acertos em nota final. A coordenadora de Avaliação Educacional do Bernoulli Educação, Maíra Miranda Portela, explica que o método "busca diferenciar o conhecimento genuíno dos acertos aleatórios".
A TRI, segundo ela, não atribui o mesmo valor a todas as questões, mas leva em conta a dificuldade, discriminação e probabilidade de acerto. Dois candidatos podem acertar o mesmo número de questões e ainda assim terem notas diferentes. Isso acontece porque a TRI entende que quem domina o conteúdo deve acertar as fáceis antes das difíceis.
"Um aluno que acerta 30 questões, mas erra várias fáceis, provavelmente teve acertos por sorte, e sua nota será mais baixa. Já outro que acerta a maioria das fáceis e médias, mesmo com o mesmo total de acertos, demonstra aprendizado consistente e terá nota mais alta", diz Maíra.
A coordenadora destaca que a TRI permite comparar o desempenho de candidatos em anos diferentes. Ela reforça, no entanto, que o sistema não é inimigo do estudante. "Quando o aluno entende como funciona, pode usar a TRI a seu favor", orienta.
Outra recomendação é não deixar questões em branco. "Mesmo um chute é melhor do que deixar sem resposta. O zero é a única certeza de não pontuar. A TRI premia o estudo estratégico e consistente."
Enquanto professores explicam a lógica por trás da nota, os estudantes enfrentam a reta final com expectativa. Anna Luiza Amaral, de 19 anos, é aluna do Bernoulli. Ela sonha em cursar Medicina e diz ter mais confiança em português e biologia, mas admite que matemática é um desafio. "Eu tento não fugir, faço listas, reviso provas antigas, mas confesso que não gosto muito", ri. Mesmo assim, a estudante mantém o foco. "Desde pequena, sonho em ser médica. Tem dias que dá vontade de desistir, mas me lembro do meu propósito e continuo", afirma.
Para Tales Queiroz, 17, aluno do CEM 09, Ceilândia, o Enem é uma chance de provar que é capaz. "Vindo de onde eu venho, cada questão que eu acerto é como se eu dissesse: eu também posso, eu também pertenço. Não é só sobre estudar, é sobre acreditar", finaliza.
Serviço:
Provas de amanhã
Conteúdos: linguagens, códigos e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias, além da redação.
» Horário: os portões serão abertos às 12h e fechados às 13h. As provas começam a ser aplicadas às 13h30 e se encerram às 19h;
» Locais: são informados no Cartão de Confirmação de Inscrição, que será disponibilizado no endereço enem.inep.gov.br/participante;
» O que levar: caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente; documento de identificação válido, físico ou digital; declaração de comparecimento impressa (caso precise justificar seu comparecimento); é aconselhável levar o cartão de confirmação de inscrição, canetas reservas, lanches leves e garrafas de águas (precisam ser transparentes).
Enem
Enem
Enem