CHUVAS FORTES NO DF

Ação de funcionário impediu explosão na UnB, diz diretor do IF

Em encontro com deputados, representantes da universidade revelaram que quase ocorreu uma tragédia no Instituto de Física (IF), um dos mais atingidos pelo último temporal

Pablo Giovanni
postado em 20/02/2024 06:07 / atualizado em 20/02/2024 15:11
Reunião ocorreu em uma sala atrás do plenário da Câmara Legislativa -  (crédito: Renan Lisboa/Agência CLDF)
Reunião ocorreu em uma sala atrás do plenário da Câmara Legislativa - (crédito: Renan Lisboa/Agência CLDF)

A reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, ao lado de outros docentes, se reuniu com deputados distritais, nesta segunda-feira (19/2), na Câmara Legislativa (CLDF), para tratar sobre as chuvas fortes que atingiram parte do campus Darcy Ribeiro, na sexta-feira (9/2), véspera de carnaval. O diretor do Instituto de Física (IF), Olavo Filho, revelou que a ação rápida de um profissional que trabalha no campus conseguiu evitar a explosão de equipamentos que, caso fosse concretizada, poderia danificar drasticamente a estrutura do prédio da universidade. 

O encontro foi organizado pelo distrital Gabriel Magno (PT). Na reunião, o diretor do IF contou aos parlamentares que parte dos equipamentos do instituto ficam 24h ligados. Segundo ele, uma das salas do subsolo, onde fica essa aparalheragem, se tornou uma "piscina". Um técnico da UnB, identificado como Raphael Marques, que estava nos arredores do campus durante a chuva, conseguiu desligar os aparelhos, evitando que algo pior viesse acontecer.

"Se eles (os equipamentos) continuassem ligados, teriam explodido. Seria de uma magnitude incrível. Com efeito cascata", explicou. "Além disso, ali há contaminantes, como material radioativo. Não podemos ficar desse jeito. Dessa vez não foi tão grave quanto poderia ter sido. Temos que dar graças a Deus que não ocorreu nada de pior", agradeceu o diretor.

De acordo com Olavo, parte dos equipamentos do IF foram danificados com a chuva. Ele explicou que é necessário investimento de R$ 3 milhões para a manutenção de tudo. Os valores deverão ser repassados por emendas parlamentares dos distritais, por meio do Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). "Não são máquinas que se encontram na prateleira, vai lá e paga. É um processo longo e precisamos que seja acelerado. As pesquisas nesses laboratórios atingidos estão praticamente paralisadas. É um problema de grandes dimensões", citou.

Os docentes também falaram sobre a necessidade de construção de um prédio para abrigar todos os laboratórios. Parte deles, hoje, se encontra no subsolo do edifício atingido pela forte chuva, como o próprio laboratório do IF. De acordo com a reitora Márcia Abrahão, os investimentos para a construção desse prédio giram em torno de R$ 20 milhões. "Nós precisamos tirar esses laboratórios do subsolo. Isso demanda tempo e recursos, que são vultosos", disse Márcia Abrahão.

A universidade vai tentar levantar os recursos para a obra junto ao Ministério da Educação. Mas, o Correio apurou que, sobre este tema, deputados distritais vão discutir nos próximos dias com deputados federais que integram a bancada do DF na Câmara dos Deputados, para que sejam enviadas emendas federais à UnB, para acelerar o processo.

Drenagem

A reitora levou aos distritais outras preocupações. Márcia Abrahão citou que desde a construção da L3 Norte, há problemas de infiltração e drenagem insuficiente, que acende o alerta de novos episódios de alagamentos na universidade.

Márcia citou que especialistas da universidade trabalharam em uma pesquisas que mostra que parte da impermeabilização do solo da UnB se dev e ao crescimento da Asa Norte. "Quando foi construída a L3, não foi feita a calibragem suficiente, impermeabilizando mais ainda a região, fazendo com que a UnB seja a última barreira antes do Lago Paranoá. Recentemente, fizemos uma parceria com a Novacap para fazer uma drenagem perto de um posto, o que ajudou a minimizar a ala norte do campus, mas não foi suficiente para as demais áreas", explicou.

"Onde precisa de uma barreira para a água, que vem como um rio, nós não conseguimos. Por isso, precisamos de obras de drenagem pluvial, para que essa água não chegue a L2 e, muito menos, a L3. É necessário filtrar antes, para que a água desça para o Lago Paranoá e não atinja a universidade", disse à reitora.

Como forma de solucionar os alagamentos de chuvas na Asa Norte, o governo do DF lançou o projeto Drenar DF. A iniciativa é de que seja construída uma ampla rede de drenagem pluvial para complementar o sistema já existente na região. Os docentes disseram que as obras do Drenar são nas quadras 1 e 2 e 10 e 11. Mas, segundo especialistas da universidade essas obras não resolvem o problema.

"O drenar não vai pegar aquela parte intermediária entre a 4 e 10 e 11. Ele pega a 1 e 2, e na segunda etapa, 11 e 12. Quem conhece a Asa Norte e andou na região depois da chuva reparou que as tesourinhas da 9, 11 e 13 ficaram alagadas. Para nós, foi até um certo alívio, porque essa água não desceu. O que impactou o Instituto de Física foi a água que desceu das tesourinhas da 5 e da 11", explicou a reitora.

Márcia Abrahão disse que não a universidade não fixou um valor para ajustes sobre essas áreas. O presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), reiterou que encaminhará a demanda à Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) sobre o que foi debatido. Parte dos distritais também sugeriram outras opções, como o investimento da iniciativa privada para solucionar os problemas da universidade. Um representante do governo do DF acompanhou o encontro.

 

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