ENSINO SUPERIOR

UnB aprova redução dos valores do Restaurante Universitário após oito anos de mobilização estudantil

Mantida por subsídio adicional de R$ 2 milhões, medida entra em vigor em janeiro de 2026 e beneficia mais de 8,5 mil alunos que não eram contemplados pelo Pnaes; estudantes em vulnerabilidade seguem com refeições gratuitas

Yandra Martins*
postado em 04/12/2025 12:16 / atualizado em 04/12/2025 16:58
Conselheiros aprovam nova política de preços do Restaurante Universitário da Universidade de Brasília (UnB), nesta quinta-feira (4/12).
     -  (crédito: Divulgação/Universidade de Brasília)
Conselheiros aprovam nova política de preços do Restaurante Universitário da Universidade de Brasília (UnB), nesta quinta-feira (4/12). - (crédito: Divulgação/Universidade de Brasília)

A Universidade de Brasília (UnB) aprovou, nesta quinta-feira (4/12), a redução dos preços cobrados no Restaurante Universitário (RU), a partir de 4 de janeiro de 2026. A decisão  mobilizou conselheiros, gestores e representantes estudantis e encerrou uma reivindicação de mais de oito anos dentro da instituição. O ato ainda precisa ser publicado no Diário Oficial da União.

Pelo modelo aprovado pelo Conselho de Administração (CAD), cerca de 8,5 mil estudantes — oriundos de escolas públicas que não têm acesso ao Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e bolsistas de modalidades específicas — passarão a pagar R$ 1,50 no café da manhã e R$ 2,50 no almoço ou jantar. Para o grupo geral, os valores serão de R$ 2 (café) e R$ 4,50 (almoço/jantar). Hoje, as refeições custam R$ 2,85 e R$ 6,10, respectivamente. Permanecem gratuitas as três refeições diárias servidas aos 11 mil alunos em vulnerabilidade socioeconômica.

A revisão de preços, congelados desde 2018, foi retomada em maio, quando a Reitoria instituiu um grupo de trabalho para construir alternativas diante da alta dos custos e da necessidade de ampliar políticas de permanência. O GT reuniu estudantes de graduação e pós, técnicos e representantes da Administração Superior e apresentou três cenários, submetidos a votação estudantil. O modelo escolhido recebeu 49% dos votos.

Para viabilizar a redução, a Universidade ampliará o subsídio anual do RU em cerca de R$ 2 milhões, provenientes de realocação interna de recursos e de aporte extra. A decisão foi aprovada mesmo em um cenário de restrição orçamentária projetado para 2026, ano em que a Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) prevê redução de R$ 5,5 milhões para a UnB, além dos impactos trazidos pela Desvinculação das Receitas da União (DRU).

A reitora Rozana Naves destacou que a mudança atende um compromisso assumido pela gestão e reforça a centralidade das políticas de permanência no projeto institucional. “Estamos falando de garantir que mais estudantes tenham condições reais de seguir seus estudos com tranquilidade. Esse resultado só foi possível porque construímos o processo de forma aberta, responsável e participativa”, afirmou.

  • Votação da minuta
    Votação da minuta Yandra/CB/DA Press
  • Estudantes do movimento estudantil
    Estudantes do movimento estudantil Divulgação/DCE
  • Aluno André Doz, parte do movimento estudantil
    Aluno André Doz, parte do movimento estudantil Yandra Martins/CB/DA Press
O estudante do curso de história, André Doz, falou a respeito da importância da representação estudantil na revisão dos preços: “essa presença reafirma o protagonismo estudantil na universidade”. O aluno destaca ainda que essa é uma luta antiga e que só foi possível chegar ao resultado de hoje devido a outros atos de negociação e manifestação, a exemplo do ocorrido em setembro, com a liberação das catracas no RU.

Ato na Reitoria marca aprovação da minuta

A votação da minuta ocorreu na manhã desta quinta-feira (4/12)  no Auditório da Reitoria e reuniu representantes estudantis. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães, por meio da chapa Por Tudo que Podemos Ser, acompanhou o processo e celebrou o resultado como o último passo de uma pauta considerada histórica pelo movimento estudantil.

Segundo o DCE, a mobilização pela redução dos valores do RU se arrasta há mais de oito anos. Nas redes sociais, o Diretório convocou os estudantes na véspera da votação: “Nada nunca nos foi dado de graça, por isso, é fundamental que cada estudante vá ao CAD demonstrar apoio à minuta. Vamos juntos mostrar que o conjunto dos estudantes exige a redução do preço do RU”.

Centros Acadêmicos também participaram do ato, reforçando a articulação que marcou a fase final da discussão. A aprovação unânime da minuta foi recebida com aplausos pelos estudantes presentes, que destacaram a importância da redução para a permanência estudantil, especialmente em um momento de fragilidade econômica que afeta a comunidade universitária.

Com a aprovação, a UnB dará início aos trâmites administrativos para publicação da norma no Diário Oficial da União, etapa que formaliza a entrada em vigor da nova política de preços. A Reitoria afirma que continuará monitorando o impacto financeiro e operacional da medida ao longo de 2026.

A expectativa é de que a redução alivie o orçamento dos alunos e fortaleça o papel do RU como política estruturante de permanência, especialmente em um cenário em que alimentação adequada tem se tornado desafio crescente para estudantes de baixa renda.

Estagiária sob supervisão de Ana Sá*

 

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