
Buenos Aires — Diante de uma crise política envolvendo denúncias de corrupção, o governo do presidente Javier Milei (La Libertad Avanza) conseguiu, nesta segunda-feira (1º/9), uma decisão judicial para impedir que novos áudios da irmã dele, Karina Milei, secretária-Geral da Presidência, sejam divulgados por jornalistas em “qualquer meio de comunicação”.
“O governo denunciou à Justiça Federal uma operação de inteligência ilegal destinada a desinformar e desestabilizar o processo eleitoral, com presumível influência estrangeira. A manobra consistiu na captação ilegal e clandestina de áudios privados da Secretária-Geral da Presidência, Karina Milei, e outros funcionários, para manipulá-los ou divulgá-los de maneira escalonada perto da disputa eleitoral”, escreveu o porta-voz de Milei, Manuel Adorni.
Dentre outras figuras, a gestão Milei acusou o jornalista Mauro Federico, do canal de notícias Carnaval Stream, que trouxe os áudios a público, de participar do que chamou de um ataque coordenado e de uma “campanha de desinformação” e pediu a investigação de integrantes do canal.
Também acusou Pablo Toviggino, secretário-executivo da Associação de Futebol Argentina (AFA) — equivalente à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) — e outros opositores de tentar desestabilizar o processo eleitoral na província de Buenos Aires. A província, que é a mais importante do país, vai às urnas em 7 de setembro para eleger deputados e senadores provinciais.
Denúncia de suborno
Karina Milei está no centro de um escândalo que ganhou tração no fim de agosto, quando áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, então diretor da Agência Nacional de Deficiência (Andis) foram publicados pelo canal Carnaval Stream. Os áudios detalhavam um esquema de suborno envolvendo o pagamento de remédios a pessoas com deficiência.
A voz, que seria de Spagnuolo — que também era amigo de Milei e advogado pessoal dele —, diz que o esquema consistia no pagamento de suborno de 8% de cada aquisição de medicamentos feitos através da farmacêutica Suizo Argentina, que teve um aumento vertiginoso nos contratos com o Estado de 2024 para 2025.
Dos subornos supostamente pagos, detalham os áudios, 3% iriam diretamente para Karina Milei. Diego Spagnuolo foi demitido no dia seguinte à divulgação dos primeiros áudios.
Os áudios desencadearam uma queda de popularidade para a gestão Milei. Na semana passada, em uma carreata ao lado da irmã, o presidente foi atacado com pedras e garrafas e precisou sair às pressas do local. Ele não se feriu.
Na semana passada, o canal Carnaval Stream publicou novos áudios, desta vez com a voz da irmã do presidente pedindo união dentro do governo. O canal disse que esta era “a ponta do iceberg” de uma “grande quantidade de áudios”. Não há menção ao suposto esquema de corrupção.
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