
O primeiro-ministro búlgaro Rosen Zhelyazkov renunciou na quinta-feira (11/12), após semanas de protestos massivos liderados pela Geração Z que tomaram ruas de Sófia, a capital do país, e dezenas de outras cidades. A crise política, alimentada por frustração com corrupção crônica e um controverso projeto orçamentário, transformou a Bulgária no primeiro país europeu a ver seu governo cair diretamente pela força desse movimento global de jovens.
Em pronunciamento televisionado, o premiê afirmou que a coalizão governista havia “discutido a situação atual, os desafios que enfrentamos e as decisões que devemos tomar com responsabilidade”, confirmando a renúncia.
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O estopim das manifestações foi o plano orçamentário de 2026, o primeiro do país elaborado em euros, que previa aumento das contribuições para a seguridade social e elevação de impostos sobre dividendos. A justificativa era reforçar os gastos públicos, mas os jovens apontaram incoerências e falta de transparência no projeto. Mesmo após o governo recuar das propostas na semana anterior, o desgaste já estava consolidado.
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“Não permitiremos que nos roubem”
Na noite de quarta-feira (10/12), milhares de pessoas ocuparam o centro de Sófia. A maioria era composta por jovens que gritaram frases como “não permitiremos que mintam para nós” e “não permitiremos que nos roubem”. Cartazes exibiam mensagens diretas: “A Geração Z está chegando” e “Bulgária jovem sem máfia”. O ato começou de forma pacífica, mas terminou em confronto com as forças de segurança após tentativas de manifestantes de ultrapassar barreiras em frente ao Parlamento.
A escalada da pressão ocorre em meio a instabilidade eleitoral: a Bulgária realizou sete eleições nacionais em apenas quatro anos, a mais recente em outubro de 2024, refletindo divisões políticas cada vez mais profundas no país.
A mobilização búlgara se soma a uma tendência mundial. Jovens da Geração Z estiveram à frente de protestos que já derrubaram governos em Bangladesh, Sri Lanka, Nepal e Madagascar. Em outros países, como México, Indonésia e Peru, as reivindicações por transparência e reformas socioeconômicas também colocaram governantes sob forte tensão.

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