trama golpista

Diplomatas que estiveram na reunião golpista ocupam postos no governo

Dois embaixadores e um conselheiro estavam no encontro liderado por Jair Bolsonaro, em julho de 2022, e, hoje, foram designados para funções na gestão Lula

O vídeo da reunião de 5 de julho de 2022 integra a investigação que apura suspeita de tentativa de golpe de Estado
 -  (crédito:  Reprodução/Video)
O vídeo da reunião de 5 de julho de 2022 integra a investigação que apura suspeita de tentativa de golpe de Estado - (crédito: Reprodução/Video)
postado em 15/02/2024 03:55

Três diplomatas participaram da reunião de 5 de julho de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro estimulou os presentes a disseminarem informações falsas sobre as urnas eletrônicas. No vídeo do encontro — liberado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira — é possível ver representantes do Ministério das Relações Exteriores, que seguem no curso normal de suas carreiras e foram nomeados para funções no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

À mesa principal estava sentado o embaixador Fernando Simas Magalhães, então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, que representava, na reunião, o chanceler Carlos França, ausente do país naquele momento. Simas — que não usou a palavra no encontro — foi designado embaixador do Brasil em Haia pelo atual governo.

Também acompanhou a reunião de 5 de julho o embaixador André Chermont de Lima, que era o chefe do cerimonial da Presidência. No vídeo, ele aparece em pé num dos cantos da sala. Bolsonaro faz uma citação a seu nome ao anunciar que chamaria os embaixadores para um encontro e falaria sobre o sistema eleitoral do país, que ocorreu 13  dias depois. "Já acertei com o Chermont para falar com o (ministro) França. Na quinta-feira, eu vou reunir os embaixadores no Alvorada", afirmou o então chefe do Executivo. No governo Lula, Chermont assumiu o posto de cônsul-geral em Tóquio, no Japão. 

O terceiro nome do Itamaraty presente na reunião foi o conselheiro Comarci Nunes. Ele estava sentado numa das laterais da sala. Na época, era o primeiro-secretário do ministério e acompanhava Fernando Simas no encontro. O conselheiro está lotado, hoje, na área de imprensa da pasta.

O Correio questionou o Itamaraty se foi adotada alguma medida após a revelação de que os três participaram da reunião ou se buscou informações sobre a presença dos diplomatas naquele encontro, mas não obteve resposta.

Comarci Nunes informou que era o primeiro-secretário e que apenas acompanhou Fernando Simas porque era seu assessor.

Na reunião no Planalto, além de Bolsonaro, oficiais militares discursaram a favor de medidas que garantissem a reeleição do então presidente. Mesmo que, para atingir esse objetivo, houvesse uma "virada de mesa", como sugeriu o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.

O ministro da Defesa à época, general Paulo Sérgio Nogueira, também presente, falou que conversava com frequência com os comandantes das três forças sobre a necessidade de se esforçarem para garantir a recondução de Bolsonaro.

Na investigação, a Polícia Federal identificou uma possível organização criminosa que atuou para impedir a derrota do ex-presidente e a vitória de Lula.

O relatório da PF, corroborado pelo Ministério Público e pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, apontou seis núcleos distintos de atuação.

Bolsonaro é citado no documento por ter estimulado a disseminação de informações falsas a respeito da urna eletrônica e por ter atuado a favor da elaboração de uma minuta do golpe, apresentada a ele por dois assessores.

 

 

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