Atos antidemocráticos

Coronel da PM indiciada na CPI do 8 de janeiro passa para reserva remunerada

Publicação em diário oficial autoriza que a oficial se afaste das atividades da corporação por ter atingido tempo mínimo para fazer o pedido. Ela seguirá recebendo a remuneração atual, mesmo fora das atividades

Coronel e subsecretária da SSP Cíntia Queiroz esclareceu que, na visão dela, não houve falha no planejamento, mas sim na execução -  (crédito: Rinaldo Morelli/Agência CLDF)
Coronel e subsecretária da SSP Cíntia Queiroz esclareceu que, na visão dela, não houve falha no planejamento, mas sim na execução - (crédito: Rinaldo Morelli/Agência CLDF)

A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Cíntia Queiroz, que no dia 8 de janeiro de 2023 era subsecretária de Operações da Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP-DF), passou para a reserva remunerada da corporação. Ela foi indiciada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos, conduzida pela Câmara Legislativa do DF.

Na CPI, ela foi indiciada pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo à vítima; e deterioração de patrimônio público.

O relator da comissão, deputado distrital Hermeto (MDB), afirmou que toda a culpa dos ataques e das falhas na segurança da capital foram do ex-secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira e da coronel.

Para Hermeto, relator da comissão, ambos receberam informações da Polícia Federal sobre a iminência dos ataques, mas que não fizeram o suficiente para impedir. "Gerou significativas lacunas nas estratégias de segurança das instituições, órgãos e agências envolvidas nos atos do dia 8, afetando diretamente a capacidade das forças de agirem de maneira adequada", destacou o parlamentar no relatório final, enviado ao Ministério Público e compartilhado com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em depoimento à CPI, Cintia afirmou que não houve falha na execução do policiamento, mas sim na execução. "O Planejamento de Ações Integradas (PAI) previu todos os cenários possíveis. Foi realizado considerando o nível máximo de ameaça. Não houve falha no planejamento. Houve falha na execução”, disse ela.

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, ligadas a investigação do caso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar em breve uma denúncia contra oficiais da PMDF que teriam se omitido e contribuído com a realização dos atentados. Fora do serviço da ativa, os investigados evitam hipóteses em que poderiam ser alvos de prisão preventiva.

A passagem de Cíntia para a reserva foi autorizada pelo atual comandante da PM e a publicação em diário oficial, realizada na segunda-feira (21/1), aponta que ocorreu após ela ter atingido o tempo mínimo necessário para solicitar ingresso na reserva. A coronel vai manter a remuneração (soldo) atual mesmo fora das atividades.

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Renato Souza
postado em 22/01/2025 15:54 / atualizado em 22/01/2025 15:58
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