
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve autorizar, hoje, o aumento da mistura do etanol à gasolina — passará dos atuais 27% para 30% — e do biodiesel ao diesel, que pode subir de 14% para 15%. A mudança visa, sobretudo, reduzir a importação de combustíveis num momento de instabilidade internacional, em função da crise no Oriente Médio que envolve o Irã e ameaça influenciar nos preços do petróleo e dos derivados. O resultado das misturas pode se refletir no custo final para o consumidor, com a redução do preço principalmente da gasolina.
As análises técnicas foram concluídas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e a medida é considerada viável. Mas precisa ser oficializada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de cuja reunião Lula participa hoje.
A mudança favorece setores da agropecuária e, também, ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Além de Lula, também participam do encontro o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e representantes das 16 pastas que compõem o CNPE. Em março, o ministério publicou o estudo que demonstrou a viabilidade da mudança na gasolina e aponta que não há prejuízos para os motoristas em desempenho, consumo, dirigibilidade ou emissões dos veículos.
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O Ministério de Minas e Energia estima que a elevação do percentual de álcool à gasolina evitará a importação de 760 milhões de litros do derivado por ano, aumentando a demanda nacional por etanol para 1,5 bilhão de litros. Isso pode proporcionar uma redução de até R$ 0,13 por litro no preço final da gasolina. No que se refere às emissões de gases, a nova mistura pode causar a redução de 1,7 milhão de toneladas de carbono por ano na atmosfera.
A mudança no percentual da mistura estava no radar do governo federal, mas a escalada do conflito no Oriente Médio antecipou os movimentos. Com o ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã, no fim de semana, o preço do petróleo no mercado internacional chegou a subir 5%.
Dependência
Há uma preocupação no governo sobre a dependência da importação de petróleo e derivados. Um aumento nos preços internacionais pode pressionar a inflação no Brasil — e isso se refletir na popularidade do presidente e do governo. Apesar de ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, o país importa cerca de 10% da gasolina que consome e 25% do diesel. A adição de 30% de álcool à gasolina pode tornar o Brasil autossuficiente no combustível, pois exportará mais do que importa.
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No caso do diesel, o aumento da mistura foi discutido na reunião do CNPE de fevereiro. À época, o conselho decidiu manter o percentual em 14% para não impactar a inflação dos alimentos.
Isso porque, ao contrário da gasolina, o preço do diesel tende a subir com adição de mais biodiesel à mistura. Como o combustível representa cerca de 35% do valor do frete, a mudança dificultaria o combate à alta dos preços de alimentos no início do ano. Além disso, há a preocupação com o impacto do aumento no percentual do biodiesel no funcionamento dos motores, pois há registros de problemas mecânicos decorrentes da mistura.
A adição progressiva do uso de combustíveis verdes está previsto na Lei do Combustível do Futuro, sancionada por Lula em outubro do ano passado. Segundo a legislação, até 2023 o percentual de etanol na gasolina vai chegar a 35% e o de biodiesel no diesel, a até 25%.
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