GUERRA COMERCIAL

"Não viemos para confrontar, viemos para conversar", diz Nelsinho Trad sobre missão nos EUA

Liderada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, comitiva busca evitar impactos das novas tarifas sobre exportações brasileiras

"Quando a via diplomática tradicional encontra barreiras, cabe à diplomacia parlamentar abrir caminhos", destaca Trad - (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)

Uma delegação composta por oito senadores desembarca na próxima segunda-feira (28/7) em Washington para uma série de reuniões com congressistas, empresários e organismos multilaterais dos Estados Unidos. A missão oficial, liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, tem como foco reabrir os canais políticos e econômicos entre os dois países em meio à escalada das tensões comerciais.

Com encontros programados na Embaixada do Brasil e na U.S. Chamber of Commerce, a comitiva pretende reforçar o compromisso do Brasil com uma parceria estratégica baseada na confiança mútua. “Não viemos para confrontar. Viemos para conversar e preservar empregos”, afirmou Trad, que coordena a iniciativa suprapartidária aprovada por unanimidade pelo plenário do Senado.

As recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, como carne bovina, máquinas agrícolas e aeronaves, acenderam o alerta em diversos setores. Estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) apontam possíveis perdas de até R$ 175 bilhões em 10 anos, com retração de quase 1,5% no PIB nacional.

Segundo Trad, a missão parlamentar não tem como objetivo negociar tarifas, papel reservado ao Executivo. A intenção, diz ele, é fortalecer o ambiente de escuta institucional com o Congresso norte-americano e demonstrar que a medida impacta negativamente cadeias produtivas de ambos os lados. “Quando a via diplomática tradicional encontra barreiras, cabe à diplomacia parlamentar abrir caminhos”, disse.

O grupo também quer envolver parlamentares norte-americanos de diferentes regiões e partidos, especialmente os representantes de estados como Califórnia, Flórida e Texas, que mantêm fortes relações comerciais com o Brasil. Os senadores esperam encontrar espaço para alertar sobre os efeitos colaterais da escalada protecionista no mercado norte-americano.

A delegação brasileira permanece nos EUA até quarta-feira (30). O cronograma prevê ainda reuniões com o Brazil-U.S. Business Council, o Escritório do Representante Comercial dos EUA e, possivelmente, o Departamento de Estado. “Essa é uma missão de construção, não de embate”, reforçou Trad.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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postado em 25/07/2025 17:49 / atualizado em 25/07/2025 17:49
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