
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou, nesta sexta-feira, que o Brasil vive "contradições" ao mesmo tempo em que se prepara para sediar a COP30, em Belém, e discute internamente a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Apesar disso, reforçou o compromisso do país com metas ambiciosas de descarbonização e transição energética.
"Obviamente que todos nós vivemos contradições, e essas contradições estão sendo manejadas", declarou Marina, em coletiva de imprensa sobre a Pré-COP30, que será realizada em Brasília na próxima semana. "Mas eu vou me ater aqui às palavras do presidente Lula na cúpula em Dubai. É preciso sair da dependência do uso de combustível fóssil. E isso é possível fazendo com que as empresas que hoje exploram petróleo (...) se transformem em empresas de produção de energia", completou.
A titular da pasta voltou a destacar que o Brasil é o único país com meta de zerar o desmatamento até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050, dentro das metas apresentadas na NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada). Segundo ela, o compromisso é "ambicioso", prevendo uma redução de 59% a 67% das emissões até 2035, mas possível diante do avanço de políticas de controle ambiental.
"Nós sabemos que a raiz do problema (...) que leva ao aumento da temperatura da Terra é o uso de carvão, de petróleo e de gás", lembrou Marina. "Setenta e cinco por cento das emissões vêm desses três fatores. É por isso que precisamos mudar a matriz de energia no mundo, e é fundamental que os países desenvolvidos liderem essa corrida — tanto produtores quanto consumidores de combustíveis fósseis."
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Marina ressaltou que o Brasil já conta com 45% de sua matriz energética limpa e 90% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis, o que coloca o país entre os líderes globais na transição energética. "Temos alternativas não só para resolver nossos problemas, mas para ajudar outros países nessa transição. Somos, com certeza, um dos melhores endereços do mundo para investimentos verdes", sustentou.
Sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, a ministra destacou que a Foz do Amazonas é uma área complexa, ainda com poucos estudos, e reiterou que a decisão não cabe ao Ministério do Meio Ambiente. "O Ibama não decide sobre os aspectos de oportunidade e conveniência de explorar ou não petróleo", explicou, ressaltando que a definição será feita pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do qual ela faz parte, ao lado de outros 16 ministros.
Negacionistas
Marina também comentou sobre a adesão de lideranças internacionais à COP30. Mesmo com resistências de governos negacionistas — como os de Donald Trump, dos Estados Unidos, e de Javier Milei, da Argentina —, ela ressaltou que essas nações estarão representadas na cúpula por meio de entes de governos subnacionais e sociedade civil.
"Haverá presença de lideranças políticas de países negacionistas, como é o caso do governador da Califórnia e do prefeito de Buenos Aires, que trarão a agenda de clima para o debate, numa demonstração de que não existe um apagão da ação climática", frisou.
A ministra lembrou que o Brasil fechou recentemente um acordo com a Califórnia para transição energética, apesar de Trump impor políticas antiambientais em nível nacional.
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, disse que 162 delegações confirmaram presença, número que, segundo ele, "supera o necessário para validar as negociações".
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