
Durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta quinta-feira (23/10), a médica e empresária Thaisa Hoffmann Jonasson permaneceu em silêncio na maior parte das perguntas feitas pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Amparada por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Thaisa alegou que sua defesa apresentará documentos à comissão para constar nos autos.
A postura da depoente irritou o relator. “Estou saindo daqui com uma péssima impressão pelo seu silêncio, uma péssima impressão porque toda essa teia, que vai de Aracaju, que vai de Sergipe a outras partes do Brasil, chega até a senhora em mais de R$ 15 milhões”, disse Gaspar. O parlamentar insistiu para que Thaisa Hoffmann explicasse os serviços prestados pelas empresas em seu nome, mas ela voltou a afirmar que sua defesa técnica encaminhará o material “no momento oportuno”.
Senadores que integram a CPMI avaliam que a empresária pode ter sido usada como “laranja” no esquema de desvio de recursos de aposentados e pensionistas. A suspeita é de que empresas registradas em seu nome foram utilizadas para “lavar” propinas supostamente destinadas ao ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, marido da médica. Segundo o senador Izalci Lucas (PL-DF), três empresas da depoente teriam recebido recursos do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
“O que a gente não entende é a origem. A senhora diz que tem documentos para comprovar, mas essa ligação com o ‘Careca’ é que é inexplicável. Dá a entender que houve combinação, já que os repasses coincidem com procedimentos que Virgílio teria feito no INSS para beneficiar entidades como a Contag”, afirmou Izalci. A médica, por sua vez, negou irregularidades: “Fico triste de ouvir isso. Durante todo meu período, mantive a prestação dos meus serviços. Meu trabalho foi feito, e eu não quero que ele seja desmerecido”.
O senador Jorge Seif (PL-SC) também expressou preocupação com a movimentação financeira das empresas ligadas à médica. “Não podemos afirmar que a senhora desviou dinheiro, mas é fato que as empresas em seu nome receberam valores de intermediários ligados às associações e ao lobista ‘Careca’. Pode ser que tenha sido usada de laranja, talvez sem saber, mas isso não a isenta de responsabilidade”, declarou.
Encerrando o depoimento, Thaisa Jonasson reafirmou que possui documentação para provar a legalidade de suas atividades. Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES) destacou que o esquema investigado pela CPMI provocou “um rombo de bilhões” nos cofres públicos e sugeriu que a depoente firmasse um acordo de delação premiada, proposta que foi recusada por ela.
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