
Uma semana após a megaoperação das forças policiais no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a ação de "matança" e a classificou como "desastrosa".
"O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa", afirmou, em entrevista, nesta terça-feira, a agências internacionais.
Lula, que está em Belém para os preparativos da COP30, afirmou que o governo federal deverá investigar possíveis irregularidades nas mortes ocorridas no confronto.
"Estamos tentando ver se é possível os legistas da Polícia Federal participarem do processo de investigação da morte. A decisão do juiz era uma ordem de prisão (aos suspeitos mortos na operação). Não tinha ordem de matança, e houve uma matança. É importante a gente verificar em que condições ela se deu", acrescentou.
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Narcotráfico
Já sobre o conflito entre EUA e Venezuela, o presidente disse esperar que ele não escale para uma "invasão terrestre", e demonstrou preocupação. Em sua visão, o governo de Donald Trump poderia apoiar os países da América Latina no combate ao narcotráfico, e não "ficar atirando", em referência aos 14 ataques a barcos supostamente tripulados por traficantes, que deixaram 61 mortos.
"Eu não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre. Eu disse ao presidente Trump que um problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogo. Se está faltando diálogo, eu me coloquei à disposição", enfatizou o petista. "Nós não desejamos, nós não queremos conflito na América do Sul. O único conflito que nós queremos é o verbal, que não machuca nem tira vidas, não derruba ponte, não destrói ferrovia, não destrói casa", acrescentou.
Há um temor na região de que a ofensiva escale para ataques terrestres em território venezuelano, em uma tentativa de depor o regime de Nicolás Maduro. O conflito poderia desestabilizar a região. Trump autorizou a CIA, agência de inteligência americana, por exemplo, a realizar ataques com o objetivo de enfraquecer Maduro.
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Lula vem demonstrando preocupação com o cenário e criticando a interferência americana no continente. O Brasil levará o tema à Cúpula da Celac, em 9 e 10 de novembro na Colômbia. O petista, porém, não deve participar, já que tem compromissos marcados em Fernando de Noronha, com a inauguração do novo sistema de energia solar na ilha.
"Nós vamos tentar, na Celac, discutir essa questão da Venezuela, a questão da participação das forças armadas americanas nos mares do Caribe. Não é necessário. Ou seja, a polícia tem todo o direito de fazer o combate ao narcotráfico. Tem todo o direito e a responsabilidade de fazer, e os americanos poderiam estar tentando ajudar esses países, não tentando ficar atirando contra esses países", frisou.

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