
O presidente nacional do PT, Edinho Silva, criticou, nesta segunda-feira (10/11), o chefe da Câmara Federal, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), após o parlamentar ter colocado o secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, como relator do projeto de lei antifacção criminosa.
Braço direito do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Derrite licenciou-se do cargo na pasta estadual para retornar ao mandato de deputado e votar no projeto de lei.
- Leia também: Motta escolhe Derrite para relatar PL Antifacção
"A indicação de um secretário de segurança pública, vinculado diretamente ao polo mais radical dos governadores de oposição ao governo federal, um representante da ultradireita de inspiração fascista, para relator de um projeto de autoria do presidente Lula, significa, primeiro, um desrespeito aos parlamentares da Casa", escreveu Edinho, no X.
Conforme ele escreveu, o PL antifacção é de autoria do governo e prevê, entre outros pontos, o aumento de pena para 30 anos de prisão, em caso de homicídio praticado a mando de uma facção. O texto ainda cria a modalidade qualificada desse crime e facilita ações contra empresas usadas pelo crime organizado.
"Não tinha nenhum deputado empossado em condições de relatar o projeto antifacção? Tal decisão também representa a total partidarização, politização, de um tema que deveria ser tratado sem paixões", pontuou o presidente do PT.
"A segurança pública está entre as maiores preocupações do povo brasileiro, e só será enfrentada com seriedade se nós envolvermos todos os entes federados, redefinindo legalmente as atribuições de cada um, da União, estados e municípios. Não é com montagem de palanque sobre esse tema que o Brasil vai enfrentar com seriedade tamanho desafio", finalizou.
Relação com Motta
O presidente do PT também mostrou arrependimento em, segundo ele, ter desenvolvido uma "excelente relação" com o chefe da Câmara, Hugo Motta. "Se soubesse dessa sua posição, voltaria no tempo e pediria para não fazer", escreveu.
Além do presidente do PT, as críticas à escolha de Hugo Motta para a relatoria do PL Antifacção foram entoadas pela ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais do Planalto.
"Ele (Motta) indicou o secretário de Segurança do governo de São Paulo, que tem um governador que declaradamente faz oposição ao presidente Lula e que pensa em disputar eleição", disse Gleisi, em entrevista à Globonews, ao citar o fato de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ser presidenciável nas eleições do ano que vem.
Alinhamento de discurso contra Motta
O tom das críticas do governo contra Hugo Motta em decorrência da escolha de Derrite à relatoria do PL Antifacção foram alinhadas ao longo desta segunda-feira. Fontes próximas ao Planalto afirmaram terem sido realizadas diversas reuniões e telefonemas com ministros do alto escalão e parlamentares da liderança.
As conversas buscaram sobretudo um discurso unificado entre governo e parlamentares da liderança na estratégia do governo contra a escolha de Derrite na relatoria do PL.

Política
Política
Política