
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) deu um panorama dos desafios enfrentados pelas mulheres na política e cobrou maior presença feminina em cargos de poder. Foi ao participar, nesta terça-feira (11/11), do 4º Brasília Summit Lide — Correio Braziliense, realizado no Brasília Palace Hotel.
Soraya lamenta que a política ainda seja um ambiente hostil para as mulheres. “Quando você adentra no mundo do poder, você sofre — e não é pouco. Não é pouco porque os poucos homens que dominam todo o meio com muita misoginia nos atrapalham, conseguem nos brecar”, disse. Conforma enfatizou, a presença feminina em debates e eventos políticos ainda é tratada com superficialidade.
“No mês de março (o mês das mulheres, com a celebração do Dia Internacional da Mulher no dia 8), as reuniões deveriam estar repletas de parlamentares homens. Mas estão todas repletas de mulheres. Estamos falando para nós mesmas”, criticou.
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“Em 2018, quando eu fui eleita senadora, a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, com 24 cadeiras, ali não sentou nenhuma mulher. Minha eleição foi um fenômeno. A maioria dos meus seguidores era homens e a presença física nas reuniões de campanha era 90% de homens. Então, agradeço aos homens por estar aqui”, afirmou.
A senadora também apontou o que considera uma estratégia de exclusão na distribuição de relatorias no Congresso. “Geralmente nos indicam relatoras de pautas que, eminentemente, eles entendam ser femininas. Pauta sobre saúde é seriíssimo, mas não é uma pauta só feminina. Pauta sobre violência contra a mulher deve ser discutida por homens conscientes. Enquanto nos distraímos com essas pautas, eles estão cuidando do que interessa: do poder, da economia e do orçamento”, frisou.
A parlamentar classificou o ambiente político como “inóspito” e “hostil”. E deixou claro que o exercício do mandato no Senado exige sacrifícios pessoais. “Estou sem ver meu marido, sem pisar na minha casa há 15 dias, mais ou menos. E vou ficar mais uma semana assim. A nossa jornada é de 7 por 0”, lastimou.
“Para a gente ter condição de sermos no mínimo respeitadas, temos de estudar em dobro. As mulheres negras, o quíntuplo. Só assim nos respeitam”, disse.
Soraya também criticou a lentidão do Congresso na tramitação de projetos voltados à pauta feminina. “Diante de 21 projetos de lei, só um chegou na Câmara — e não está tramitando. Os outros, simplesmente, dormitam”, lamenta.
Ao final, a senadora lembrou a tentativa de retirada da cota de 30% das candidaturas femininas na reforma eleitoral. E reafirmou a defesa que faz da paridade. “ (O senador) Marcelo Castro (MDB-PI) trabalhou no sentido de retirar a nossa cota de 30%. Fiz uma emenda pedindo que acolhesse a paridade de verdade no Legilsativo: 50% homens e 50%, mulheres. Simples assim”, frisou.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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