
A prisão do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto é o desdobramento de nova etapa da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (13/11). A ação investiga um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Além de Stefanutto, outras cinco pessoas foram presas.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), classificou a operação como um divisor de águas nas investigações. Em coletiva, ele afirmou que a prisão de Stefanutto e de outros investigados representa a captura do “núcleo principal dos desvios” que atingiram a Previdência.
“Hoje, a operação colocou na cadeia o núcleo central da quadrilha que tomou de assalto as aposentadorias brasileiras. Aqueles que vieram à CPMI amparados por habeas corpus agora terão de falar a verdade presos”, declarou Viana.
O senador destacou que a CPMI tem colaborado diretamente com as autoridades policiais e rebateu críticas de que a comissão não traria resultados. “Diziam que a CPMI seria só mais um teatro. Hoje provamos o contrário. Nenhuma comissão na história prendeu tantas pessoas ou trouxe tantas respostas ao povo brasileiro”, afirmou.
Durante a entrevista, Viana detalhou a estrutura do esquema, dividido em três escalões: operadores e “laranjas” que movimentaram o dinheiro desviado; servidores públicos corrompidos, que mantiveram as fraudes ao longo de diferentes gestões; e um primeiro escalão político, responsável por indicações e sustentação do esquema dentro do INSS.
Segundo o parlamentar, esse grupo mais alto passará a ser o foco das próximas etapas da investigação. “Ainda há muita sujeira para limpar. […] Mas a Previdência vai sair fortalecida, e os culpados, presos. Nós vamos até o fim”, garantiu.
Viana também confirmou que há parlamentares citados nas apurações e que poderão ser convocados pela CPMI. Ele disse, contudo, que nomes não serão divulgados neste momento, em respeito ao sigilo judicial. “Os principais operadores estão na cadeia. Agora queremos saber quem ajudou, quem indicou e quem se beneficiou desse esquema”, reforçou.
O senador relatou ainda que mantém diálogo com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que supervisiona parte do inquérito sob sigilo. Viana afirmou que recursos desviados em espécie foram localizados e que parte do dinheiro pode estar guardada em paraísos fiscais. “O dinheiro que foi sacado está guardado em algum lugar. Parte foi enviada ao exterior, e outra parte ainda está escondida no Brasil. A PF está acompanhando”, completou.
Preso hoje cedo, Alessandro Stefanutto assumiu a presidência do INSS em julho de 2023 e foi exonerado em abril deste ano.
Em nota à imprensa, a defesa de Stefanutto classificou a prisão como “ilegal” e afirmou que ele colabora com as investigações desde o início. “A defesa não teve acesso à decisão que decretou a prisão. O ex-presidente segue confiante de que provará sua inocência ao final do processo.”
Saiba Mais

Política
Política
Política
Política
Política
Política