segurança pública

Diretor da PF será ouvido na CPI do Crime Organizado nesta terça-feira

Intenção do colegiado é colher informações estratégicas sobre a atuação das facções criminosas no país e o avanço de suas estruturas econômicas e territoriais

A CPI do Crime Organizado inicia, nesta terça-feira, a fase de depoimentos, com a presença do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e do diretor de Inteligência Policial da corporação, Leandro Almada da Costa. Ambos atendem a convite apresentado pelo relator da comissão, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que pretende colher informações estratégicas sobre a atuação das facções criminosas no país e o avanço de suas estruturas econômicas e territoriais.

Instalada em 4 de novembro e presidida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), a CPI é composta por 11 titulares e sete suplentes. O colegiado busca compreender o grau de infiltração das organizações criminosas nos estados, o funcionamento das redes de lavagem de dinheiro e o impacto dessas estruturas na segurança pública nacional. Vieira considera fundamental ouvir a cúpula da PF para consolidar um diagnóstico atualizado sobre o poder das facções, milícias e grupos de atuação transnacional que movimentam recursos bilionários.

Durante a sessão desta terça-feira, os senadores também devem questionar a atuação da PF no apoio à Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, após a megaoperação realizada no fim de outubro, nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em 121 mortes.

A investigação a respeito da dinâmica dessa operação e o papel das forças federais na articulação com órgãos estaduais é vista como um dos pontos sensíveis da CPI, que tem enfrentado pressões políticas no debate sobre segurança pública.

Na quarta-feira (19/11), o colegiado ouvirá o diretor de Inteligência Penal da Senappen, Antônio Glautter de Azevedo Morais, e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, uma das principais referências no combate ao PCC.

Integrante do Gaeco, Gakiya investiga a facção desde o início dos anos 2000 e vive sob ameaça de morte há duas décadas. A participação dele é considerada essencial para esclarecer a expansão internacional do grupo e suas conexões com estruturas de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Paralelamente, a CPI avalia uma série de requerimentos de convocação apresentados pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). Entre eles está o pedido para que Marcos Roberto de Almeida, o Tuta — apontado pelo Ministério Público como sucessor de Marcola na liderança do PCC — seja ouvido pelo colegiado. No documento, o parlamentar cita supostas ligações do criminoso com representações diplomáticas e sua capacidade de transitar por países como Moçambique, Paraguai, Bolívia e outros onde a facção mantém influência.

Do Val também requisitou a convocação de outros integrantes da alta cúpula do PCC, entre eles Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, considerado um dos principais articuladores do tráfico internacional de drogas da facção; Júlio César Guedes de Moraes, o “Julinho Carambola”, apontado como braço direito de Marcola; e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, investigado por participação em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. A lista de pedidos reforça a disposição da CPI em avançar sobre os líderes históricos do crime organizado no país.

A comissão terá 120 dias para apresentar um relatório sobre o funcionamento e a expansão das organizações criminosas, com propostas para aperfeiçoar a legislação e fortalecer mecanismos de investigação. A expectativa dos senadores é de que as oitivas da próxima semana definam as linhas centrais da investigação, especialmente no que diz respeito à cooperação entre órgãos de segurança — modelo adotado na Operação Carbono Oculto, que integrou PF, Receita Federal e Ministério Público paulista no combate a esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo fintechs e postos de combustíveis.

 

 

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