OPINIÃO

Análise: Glauber Braga, bolsonaristas, dois pesos e um Congresso

Independentemente das razões do protesto de Braga, chama a atenção o tratamento dado ao parlamentar socialista ser bem diferente do recebido pelos deputados bolsonaristas que bloquearam o funcionamento do plenário por mais de 30 horas no início de agosto

Braga leva um mata-leão de um dos policiais legislativos: truculência no plenário -  (crédito: Reprodução/X @pastorhenriquev)
Braga leva um mata-leão de um dos policiais legislativos: truculência no plenário - (crédito: Reprodução/X @pastorhenriquev)

A imagem do deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) levando um mata-leão de um dos policiais legislativos simboliza bem o momento em que vivemos na sociedade. Independentemente das razões do protesto de Braga, chama a atenção o tratamento dado ao parlamentar socialista ser bem diferente do recebido pelos deputados bolsonaristas que bloquearam o funcionamento do plenário por mais de 30 horas no início de agosto.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

O contraste evidencia um problema recorrente na sociedade: a oscilação de critérios conforme o personagem em cena. Quando grupos alinhados à extrema direita decidiram paralisar os trabalhos, a Mesa Diretora optou por uma negociação prolongada, evitando qualquer ação mais enérgica. Já no começo da noite desta terça-feira (9/12), diante do protesto de um parlamentar isolado, a resposta se mostrou imediata, dura e desproporcional. Essa assimetria não apenas fere o princípio democrático da igualdade entre representantes eleitos, como também alimenta a sensação de que o ambiente legislativo se tornou refém de conveniências políticas momentâneas.

A Câmara dos Deputados deveria ser, antes de tudo, um espaço de debate público, protegido por regras claras e aplicadas com isonomia. A violência vista no plenário, inclusive com a transmissão ao vivo da TV Câmara sendo cortada e os jornalistas sendo proibidos de acompanhar os trabalhos, acende um alerta sobre a falta de transparência. O recurso à força, mesmo diante de um impasse, não pode ser banalizado, sob pena de transformar divergências políticas em episódios de coerção física, algo que a história recente do país já demonstrou ser terreno fértil para retrocessos.

  • Google Discover Icon
postado em 09/12/2025 18:51 / atualizado em 09/12/2025 19:06
x