
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados reuniu-se nesta terça-feira (16/12) para retomar as oitivas de parlamentares e testemunhas sobre a ocupação do Plenário ocorrida no início de agosto, quando deputados da oposição impediram o andamento das sessões em protesto contra a condução da pauta pela Mesa Diretora.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Os processos disciplinares, abertos pela Mesa da Câmara, miram os deputados Marcos Pollon (PL-MS), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Zé Trovão (PL-SC). As representações — REP 24/25, REP 25/25 e REP 27/25 — foram reunidas e passaram a tramitar de forma conjunta no colegiado.
Durante a sessão, parlamentares da oposição voltaram a questionar o recorte das investigações. Segundo eles, mais de uma centena de deputados participou, em maior ou menor grau, da ocupação da Mesa Diretora, o que tornaria injustificável a responsabilização concentrada em apenas três nomes.
O líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), pediu que o Conselho reveja eventuais decisões punitivas e leve em conta o contexto do protesto. Em sua fala, afirmou que a oposição reconhece a advertência feita à época, mas criticou o que chamou de tratamento seletivo.
“Quando a gente tem o entendimento de que o erro aconteceu, a gente coloca toda a análise do ocorrido. Mas eu quero pedir a Vossa Excelência que revejam qualquer tipo de decisão. A oposição como um todo, cerca de 100 parlamentares, participou daquela ocupação. Uns ficaram cinco minutos, outros ficaram o tempo todo, mas todos foram, de forma coesa, mostrar um desagravo ao que tinha sido conversado com o presidente, as pautas que achávamos importantes para o plenário decidir, democraticamente, com 513 deputados”, declarou.
Zucco ressaltou que, segundo as testemunhas já ouvidas, não há elementos que diferenciem a conduta de Pollon, Van Hattem e Zé Trovão da atuação dos demais parlamentares que aderiram ao protesto. “Essa forma seletiva, focada apenas nos três deputados, nos prejudica como oposição e fragiliza uma atuação respeitosa, forte e posicionada”, afirmou.
O líder também comparou o caso com outros julgamentos recentes do Conselho, citando punições aplicadas por agressão física, e frisou que, no episódio da ocupação, a saída do plenário ocorreu após acordo com a Presidência da Câmara.
“Todos os momentos de diálogo com o presidente Motta foram respeitosos, tanto da parte da oposição quanto da parte do presidente”, disse.
Além dos três deputados alvo das representações, a Corregedoria da Câmara sugeriu a aplicação de censura escrita, uma penalidade mais branda para outros 11 parlamentares que participaram do ato. O Conselho de Ética segue ouvindo envolvidos e testemunhas para esclarecer as circunstâncias da ocupação.
Caso o colegiado decida por punições mais severas, como a suspensão do mandato por até 30 dias, o desfecho ainda dependerá de votação no plenário da Câmara dos Deputados, somente em 2026.

Política
Política
Política