
Em um café com jornalistas realizado na manhã desta quarta-feira (17/12), na Câmara dos Deputados, o líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), fez duras críticas à condução do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo o parlamentar, a relação entre a oposição e a presidência da Câmara se deteriorou ao longo do ano, principalmente pelo descumprimento de acordos firmados nos bastidores.
Zucco afirmou que Motta “não tem mais crédito com a oposição” e disse que os compromissos assumidos pela presidência deixaram de ser considerados confiáveis. “A gente não acredita mais no que está sendo proposto”, declarou. Questionado se vê condições de o presidente da Câmara entregar alguma agenda relevante em 2025, ano eleitoral, o líder oposicionista foi cético. Para ele, Motta não deve avançar em pautas relevantes, mesmo naquelas consideradas menos sensíveis. “Ele teve na mão várias pautas que não eram tão cabeludas e que não colocava. E o que chegava para nós é que o pessoal do outro lado da rua não autorizava”, afirmou, em referência a supostas interferências externas nas decisões da Casa.
Na avaliação de Zucco, a gestão de Hugo Motta foi marcada por falhas no cumprimento de acordos políticos. “Eu acho que a gestão do presidente Hugo Motta foi uma gestão muito ruim no tocante a cumprimento de acordos e palavras. Ele não conseguiu cumprir o que tinha se comprometido, seja com sócios, seja com o PL, seja com o Bolsonaro”, disse.
As críticas também alcançaram a condução das negociações em torno do projeto de lei da dosimetria das penas, que tramita nesta quarta-feira no Senado Federal, e de propostas relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023. Zucco afirmou que a oposição iniciou o debate defendendo uma anistia ampla, posição que, segundo ele, era compartilhada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Com o avanço das negociações, houve a possibilidade de discutir uma versão mais restrita da proposta.
De acordo com o líder, o compromisso firmado não era de aprovar o texto, mas ao menos de pautá-lo. “Ninguém cobrou aprovação. Mas que tinha, sim, o compromisso de pautar, isso é inegável”, afirmou. Zucco acrescentou que a oposição teria dado condições políticas ao longo do ano para o avanço da matéria, inclusive na composição de lideranças e na tramitação de propostas individuais.
O discurso reforça um ambiente de tensão entre a presidência da Câmara e os partidos de oposição, que em momentos anteriores chegaram a ocupar a Mesa Diretora e a obstruir sessões do plenário. Parlamentares críticos sustentam que Motta prometeu avançar com pautas ligadas à anistia ou a projetos relacionados ao 8 de Janeiro como parte das negociações para encerrar a obstrução e viabilizar o funcionamento da Casa, compromissos que, segundo eles, não teriam sido cumpridos no evidenciado o desgaste político na reta final do ano legislativo e indica que a relação entre oposição e presidência da Câmara deve permanecer tensionada na próxima legislatura, especialmente diante da proximidade do calendário eleitoral.
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