Por Tainá Hurtado*
Ter o seu próprio cantinho é o sonho de tantos jovens que querem adquirir sua independência, autonomia e privacidade. Porém, esse rito de passagem para a vida adulta vem com mais responsabilidades e compromissos do que se imagina. Por isso, antes que você inicie essa nova etapa, é preciso ter em mente todos os gastos e as novas obrigações que te acompanharão nesse processo.
De acordo com a contadora e vice-presidente de Assuntos de Política Institucional do Conselho Federal de Contabilidade, Maria Dorgivânia Arraes Barbará, o primeiro passo é começar a se planejar com antecedência para iniciar essa jornada. "Organizar o orçamento pessoal, listando a fonte de renda, receitas extras e despesas indispensáveis", disse.
De acordo com ela, os principais gastos ao sair de casa serão aluguel, taxa de condomínio, internet, energia elétrica, IPTU, alimentação, saúde e transporte. Além disso, você terá alguns gastos extras, como os streamings, academia e outras despesas pessoais que você precisa ter em mente, caso seja necessário repensar suas necessidades e não passar apuros.
Depois de avaliar suas necessidades e condições, o próximo passo é escolher onde você vai morar. De acordo com a economista e professora dos MBAs da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Carla Beni, a depender da sua conjuntura financeira, as opções podem ir de um apartamento mobiliado, ou não, a um flat, a uma república ou a um quarto na casa de alguém, por exemplo, o que impacta nos seus gastos finais. "Não existe um valor específico para você saber quanto custa sair de casa, porque depende muito do padrão que você vai ter, do bairro em que você vai morar e das suas despesas", acrescentou a profissional.
Para Carla, um dos desafios, principalmente para os mais jovens, é lidar com a realidade de não poder fazer tudo o que sonhou para essa fase e ainda ter que arcar com os custos que vêm com a independência. "Há uma certa fantasia de que depois de que você sai de casa, você vai poder ser livre para sair, se divertir, fazer o que você quiser", afirmou a economista. "Mas a lista de contas é muito grande e aí, ou você faz o supermercado, ou sai para jantar fora, ou vai para balada, ou paga a conta de luz".
A estudante e fotógrafa, Carolina Curi, de 22 anos, afirmou que umas das suas maiores dificuldades quando saiu de casa, em março de 2023, foi aprender a lidar com as finanças e fazer compras de mercado. Para ela, a falta de uma educação financeira, seja na escola ou no ambiente familiar, dificultou o processo de ter que lidar com tantos gastos sozinha de uma hora para outra. "Eu, pelo menos, nunca tive muitas conversas em como controlar e investir dinheiro, você vai aprendendo na necessidade de saber mesmo", afirmou ela.
Para a jovem, uma das maiores lições que ela teve nesse período foi a de economizar dinheiro por meio de uma rotina mais organizada e planejada. A prática de deixar algumas porções de comida congelada, como arroz e feijão, diminuindo gastos com delivery, além de facilitar na correria da rotina, ajudou muito Carolina a se adaptar a essa nova fase, mesmo com seus desafios. "Os primeiros meses sempre vão ter vários imprevistos, mas as coisas vão se alinhando", garantiu ela.
Saiba Mais
De acordo com o economista César Bergo, o maior choque desse processo é ter que lidar com despesas que antes eram divididas com os familiares, ou nem mesmo arcadas antes de ir morar só. "É necessário planejar antes de fazer qualquer medida que amanhã possa gerar um arrependimento", afirmou. Afinal, ninguém quer ter que pedir para os pais o seu quarto de volta, né?
Por isso, uma outra dica para não passar por isso é fazer uma economia antes, para quando o momento chegar, você já ter as condições para arcar com os custos. No fim das contas, um dos maiores gastos ao sair de casa é a mudança em si, comprar os móveis, eletrodomésticos e montar sua casa. "A pessoa poderá guardar dinheiro, poupar, antes de se aventurar no sonho de morar sozinho, assim terá uma reserva para emergências", afirmou a contadora Maria Dorgivânia Arraes Barbará.
Pensando em tudo isso, a Revista trouxe algumas dicas e recomendações para que você possa passar por essa transição de uma maneira leve e montar seu novo lar de forma econômica, mas sem perder o seu charme e a sua funcionalidade.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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