
"Eles têm outra chance de vida, mas, na verdade, digo que nós é que somos resgatados quando adotamos um animal. Observar a transformação nos olhos de um pet adotado, quando a alma deles floresce, é uma das coisas mais mágicas", declara Daniela Nardelli, diretora da ONG Projeto Adoção São Francisco.
E é com essas palavras sinceras, que parecem poesia, que escolhemos celebrar o Dia Mundial do Gato, hoje, 17 de fevereiro. A data foi instituída no Congresso Internacional de Proteção Animal, na Itália, na década de 1930 e tem como objetivo incentivar ações de proteção aos felinos, além de buscar soluções para o abandono desses pets.
É difícil falar de gatos sem pensar na quantidade de felinos abandonados vivendo nas ruas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem, em média, 10 milhões de gatos abandonados no Brasil. E a diminuição desse número alarmante é um dos principais objetivos e desejos de quem trabalha com proteção animal.
Muitas ONGs, protetores e grupos de condomínios, clubes e instituições promovem, em suas comunidades, o chamado método CED, que consiste na captura, esterilização e devolução. Ou seja, os gatos de rua da região escolhida são capturados, levados para fazer a cirurgia de castração e devolvidos para a rua.
Em muitos casos, essa devolução é feita tanto pela particularidade do animal, que, muitas vezes, nasceu e viveu sempre na rua, o que dificulta sua adaptação para morar em uma casa, quanto pela superpopulação nas ONGs e abrigos e dificuldade para encontrar adotantes.
Saiba Mais
Segundo Daniela, o ideal seria que todos pudessem ter um lar, mas o CED, ao menos, permite que esses gatos não se reproduzam, aumentando ainda mais a quantidade de bichamos abandonados. "É muito importante, pois, mesmo com todos os perrengues, as gatas costumam parir de quatro a seis filhotes a cada ninhada. Esses filhotes, quando têm quatro meses de vida, já podem começar a se reproduzir também.
O aumento populacional de gatos acontece numa progressão muito rápida", explica a protetora.
Outro fator que aumenta ainda mais a população felina é a rapidez da gestação e do ciclo de cios das gatas. A gravidez dura três meses e apenas 55 dias após o nascimento dos filhotes, essa gata já pode entrar em um novo cio. Além do método CED, uma das ações mais importantes é a adoção, que permite que esses animais tenham uma vida digna.
Adotando amor
Apesar de celebrarem e incentivarem a adoção de gatos e de outros animais, os protetores
costumam ser bem responsáveis e exigentes na hora de entregar um pet para um tutor. Alguns possíveis adotantes até reclamam de alguns dos cuidados e chegam a dizer que as ONGs não querem que seus animais recebam novos lares, mas Daniela ressalta que essas medidas são necessárias para garantir que esses animais não sofram maus-tratos ou sejam abandonados novamente.
"Além de garantir a segurança do animal, queremos ter a certeza de que o perfil daquele pet se encaixa com a família. A adoção tem que ser boa para todas as partes e tem que ser uma escolha feita com responsabilidade", explica Daniela.
Ela comenta que no Projeto Adoção São Francisco e na maioria das ONGs não são feitas adoções por impulso e sem que toda a família esteja de acordo. São assinados termos e feitos acompanhamentos sobre a saúde e o bem-estar do animal.
Os gatos que vivem nas ruas têm expectativa de vida de 11 a 13 anos, os que moram em lares protegidos podem viver até mais de 17 anos, ou seja, a família que recebe o bichano está assumindo um compromisso de longo prazo, e isso precisa ser levado em consideração.
Antes de adotar, é necessário avaliar todas as despesas e pensar na velhice do animal, quem será o responsável principal e quem pode assumir esses cuidados caso o tutor, por alguma razão, não possa mais cumprir seu papel. "Queremos que as adoções durem a vida inteira e, por isso, é importante tomar todos esses cuidados para que a família esteja 100% disposta a construir essa relação maravilhosa em que todos ganham", completa.
Quero o meu, e agora?
As veterinárias Nayara Trindade e Alexia Serra, responsáveis pela Vet na Van (@_vetnavan) dão algumas dicas do que fazer ao adotar um gato.
Filhotes
- O primeiro passo é uma consulta pediátrica, na qual será avaliada a saúde geral. O tutor também será orientado sobre vacinação e vermifugação, as principais doenças, teste de FIV/FeLV, e os principais cuidados como o uso da caixinha de areia, alimentação e hidratação.
- No caso de adoção de filhotes em ONGs e feiras, muitas vezes, os responsáveis já garantem essa consulta. “Um animal que vem do abrigo, geralmente, já passou por exames e está vacinado. Caso ele apresente alguma doença, está diagnosticada”, comenta Nayara.
Adultos
- Quando um gato adulto é adotado e vai conviver com outros bichanos, é muito importante realizar o teste de FIV/FeLV antes de permitir o contato. Também é necessário verificar se a vacinação e a vermifugação estão em dia.
- É importante avaliar a condição de saúde e doenças pré-existentes junto ao veterinário. Caso tenha outros animais em casa, entenda a melhor forma de incluir o novo membro na família, tanto por questões comportamentais quanto por de saúde.
- Um animal que vem da rua ou é encontrado não tem histórico conhecido, por isso é necessário uma avaliação veterinária completa, seguida de exames e orientações iniciais, o que vale também para filhotes.
Atenção às particularidades
Uma vez em casa e adaptados, as veterinárias Nayara Trindade e Alexia Serra ressaltam que é importante não descuidar da saúde do gato. Quem nunca cuidou de felinos pode não conhecer algumas das particularidades, e elas dão algumas dicas.
- Os novos tutores precisam estar atentos a sinais como falta de apetite, apatia, vômitos e feridas, entre outros.
- É importante observar se o animal está se alimentando em quantidade correta, se está bebendo água, urinando e defecando.
- Além disso, é importante realizar check-ups regulares com o veterinário para avaliar a saúde geral.
- Por fim, mesmo ressaltando todos os cuidados envolvidos, elas lembram a importância da adoção e como ela tem o poder de mudar vidas, de humanos e felinos.
- Alexia comenta que adotar um animal é dar uma família para quem não tem ninguém. “Os animais dependem de nós para ter uma qualidade de vida, e a adoção é fundamental para que os abandonados recebam uma segunda chance de vida.”
- Nayara completa, afirmando que, ao adotar, você ganha um companheiro para a vida inteira, que sempre vai entregar amor, além de gratidão.