
Elegante e atemporal, o xadrez é um caso de amor à parte. De camisetas a saias, é uma padronagem que, vira e mexe, está sempre nos holofotes do mundo da moda. Em junho, então, nem se fala. Mas, ao contrário do que a maioria pensa, esse formato não é usado apenas durante as festas juninas. A força desse modelo vem desde o passado, sem prazo para ir embora.
De acordo com o stylist Fernando Lackman, do grunge ao aristocrático, do punk ao preppy, o xadrez é uma das padronagens mais comuns e aparece entre as mais populares. "Ele carrega história — escoceses que o digam —, mas também se reinventa a cada estação, provando que a moda, quando é boa, não precisa ser mutante para ser tendência", revela.
Segundo o profissional, o segredo para utilizar bem o xadrez está em decifrar sua linguagem, especialmente para não saturar a padronagem de tanto utilizá-la. "Um tartan tradicional pode ser a elegância necessária em um jantar formal, enquanto um vichy leve e colorido caminha rumo a um entretenimento mais divertido. Combinado com jeans para o cotidiano, com seda para a noite, o xadrez transita com mais desenvoltura que outras estampas ou padrões têxteis", completa.

Além disso, é necessário não tentar colocar o xadrez de maneira desimportante no look. "Ele rouba a cena, sem ao menos se esforçar", acrescenta Fernando. Em 2025, esse estilo permanece em alta. Com a elegância de sempre, aparece, sobretudo, nas peças de alfaiataria desconstruída, blazers com cortes enviesados, calças de cintura alta e saias midi com fendas inesperadas. Contudo, também ressurge em camisas oversized e nos conjuntos coordenados, daqueles que parecem ter saído do armário da avó, mas que são clássicos e vanguardistas.

Na história do xadrez
Bom, essa padronagem é um sucesso, disso todo mundo sabe. Fato é que, nos arraiais espalhados Brasil afora, é até incomum ver alguém usando outras peças para além do xadrez. Mas de onde vem esse apreço por esse estilo, nesta época do ano? A professora de moda Krystie Ribeiro afirma que essa tendência tem raízes profundas nas tradições rurais e agrícolas.
"As festas juninas celebram a colheita e a vida no campo, e o xadrez, com sua associação a camisas e vestidos típicos de trabalhadores rurais, tornou-se um símbolo dessa cultura. A estampa xadrez, especialmente o tartan, é originalmente associada aos clãs escoceses e à vestimenta dos camponeses. Com a colonização e a imigração, essa padronagem chegou ao Brasil", explica
Dessa forma, as festas juninas, que têm suas origens nas celebrações europeias do solstício de verão e foram adaptadas à cultura brasileira, passaram a incorporar elementos que remetessem à vida no campo. A camisa xadrez de flanela, por exemplo, era prática resistente e confortável para as atividades agrícolas, tornando-se uma peça comum no vestuário dos caipiras. "Vestir-se de xadrez durante as festas juninas é uma forma de homenagear e representar essa cultura rural e camponesa", destaca a especialista.
Ademais, as cores vibrantes e os variados padrões do xadrez contribuem para a atmosfera alegre e festiva das celebrações, promovendo um senso de comunidade e identidade cultural. Sua versatilidade é um dos principais motivos de sua permanência, tanto em junho como em outros meses. O xadrez, segundo Krystie, adapta-se a diferentes públicos, idades e estações do ano, podendo ser usado em roupas formais e casuais.