
Parte do corpo que nem sempre recebe a atenção que necessita, mas que é essencial para a qualidade de vida dos bichinhos, as patas são muito mais do que meros apoios para nossos pets, elas são a interface direta com o mundo. A médica veterinária Catherine Lara explica que é importante sempre verificar as patas dos pets, pois como eles caminham por várias superfícies e os coxins, aquelas "almofadinhas" que amortecem o impacto ficam expostos, estão vulneráveis a lesões.
A veterinária é enfática: o ideal é verificar as patas todos os dias. Se isso não for possível, fique atento a qualquer mudança de comportamento, como o animal não apoiar o membro no chão ou lamber a região de forma compulsiva. Esses são sinais claros de que algo não vai bem.
E não se trata apenas de cães, mas também de gatos. A veterinária Ana Flávia Gonçalves explica que, embora ambos precisem de atenção, os cachorros tendem a estar mais expostos a riscos, já que costumam passear mais na rua do que os felinos. "Gatos costumam ser mais 'autolimpantes', eles retraem as garras e a grande maioria não anda tanto em ambientes externos, como os cães", detalha. Isso não significa, porém, que os bichanos estão imunes.
Cuidados
Manter as patas saudáveis é mais simples do que parece. Alguns cuidados básicos podem fazer toda a diferença, como a higienização pós-passeio. Isso é fundamental para os animais que saem às ruas, para remover sujeiras, produtos químicos ou agentes irritantes, que além de estarem em contato direto com as patas, os animais podem acabam lambendo e ingerindo acidentalmente. A hidratação das patinhas também é necessária, pois os coxins ressecados são mais propensos a terem rachaduras e causar feridas. Para isso, existem produtos próprios para pets que não são tóxicos e hidratam da maneira correta o tecido.
Ainda com relação aos coxins, o veterinário Frederico do Vale explica que a tosa entre as almofadinhas é essencial. Esse cuidado melhora a aderência do animal ao caminhar, principalmente em superfícies lisas, impedindo que o pet escorregue, além de evitar o amontoado de sujeira e objetos estranhos. O veterinário acrescenta que a falta dessa tosa pode acarretar no acúmulo de bactérias e proliferação de fungos, provocando alterações dermatológicas nas patinhas. A poda é necessária a cada uma ou duas semanas, dependendo do crescimento do pelo.
Já os sapatinhos e protetores podem ser úteis em situações específicas, como passeios em superfícies muito quentes ou ásperas. No entanto, Frederico ressalta que não são essenciais para todos os pets e que alguns podem se sentir desconfortáveis, perdendo o interesse pelos passeios. Além disso, são recomendados sob prescrição de um veterinário. A observação do comportamento do animal é crucial, pois o uso do sapatinho sem necessidade pode incomodar o pet mais do que ajudar.
O tipo de superfície onde ele caminha influencia diretamente a saúde das patas. Asfalto quente é um grande vilão, podendo causar queimaduras severas nos coxins. "Por isso, é importante prestar atenção nos horários dos passeios", alerta Catherine. "Opte por horários mais frescos, com menos Sol." A veterinária também menciona o período de estiagem em Brasília, que pode ressecar os coxins com maior facilidade. Além de queimaduras, espinhos ou objetos cortantes, como vidros, são riscos frequentes, sendo necessário atenção do tutor aos locais de passeio.
Problemas
Para identificar problemas nas patinhas, é preciso ficar atento aos sinais do pet, como mancar ou apresentar dificuldade em apoiar o membro — demonstrações de desconforto ou dor que podem indicar uma lesão ou que algo está alojado na pata. "Eles tendem a perder o apetite e ficarem mais quietinhos e isolados, o que indica que algo está errado. A lambedura excessiva na região também pode ser um sinal de ressecamento, rachadura ou um machucado", detalha Frederico.
Ana Flávia também alerta para a presença de vermelhidão, inchaço e odor, e, em caso mais grave, sangramentos, que podem significar alguma inflamação. Ao notar qualquer um desses sinais, procure um veterinário na primeira demonstração de desconforto do animal. Ignorar esses sintomas pode levar a um maior desconforto para o pet e até mesmo fazê-lo recusar os passeios ou de fazer caminhadas simples de um local ao outro da casa, impactando a qualidade de vida. A veterinária explica que a falta de tratamento pode gerar problemas como dor crônica, infecções graves, agravamento de lesões e até problemas posturais e de coluna, ao animal tentar compensar a dor de uma pata.
Prevenção é a chave!
Todos os animais estão sujeitos a problemas nas patas, independentemente da raça. Alguns têm tendência a problemas como displasias, que afetam a coordenação motora, como é o caso de cães de grande porte, ou dificuldade de ventilação ao caminhar, exemplo das raças braquicefálicas. Em todo o caso, a prevenção e o manejo adequados desde cedo são a melhor estratégia para lidar com as patas. "Manuseie o pet desde filhote para ele se adaptar, associando a algo positivo, como oferecer um petisco se ele deixar manipular a pata tranquilamente", sugere Catherine.
A principal dica da veterinária é simples: sempre preste atenção aos horários e locais dos passeios. Essa atitude proativa pode evitar queimaduras, cortes e perfurações, garantindo que as patas do seu pet permaneçam saudáveis e prontas para muitas aventuras.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte