PERSEGUIÇÃO

Stalker presa por perseguir médico soma 12 passagens pela polícia em 2 anos

No Brasil, a prática de stalker passou a ser considerada criminosa em março de 2021

Kawara ficou mais de um ano foragida  -  (crédito: Redes Sociais/Reprodução)
Kawara ficou mais de um ano foragida - (crédito: Redes Sociais/Reprodução)

Larissa Figueiredo*

A stalker Kawara Welch, presa preventivamente por perseguir, durante cinco anos, um médico e sua família em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, soma 12 passagens pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), registradas entre 2021 e 2023. Além de casos de assédio e importunação, a mulher de 23 anos está sendo investigada por roubo e descumprimento de medidas protetivas.

Kawara se apresenta como artista plástica e modelo nas redes sociais e foi detida no último dia 8 de maio após mais de um ano foragida. Ela chegou a ser presa em flagrante em janeiro de 2023 por ter invadido o consultório do médico, roubado o telefone da esposa da vítima e a agredido. Na ocasião, contou com a ajuda da avó e anunciou que não devolveria o celular, dizendo que o entregaria ao seu advogado.

O momento foi registrado em vídeo, porém, ela ameaçou a pessoa que estava gravando, dizendo para “não entrar no meio”, senão “sobraria para ela”. A esposa do médico sofreu múltiplas escoriações no tórax e em membros superiores e inferiores.

Foi concedida liberdade provisória para a stalker, que voltou a perseguir a família 15 dias após a soltura, mesmo com medidas cautelares em vigor. O médico e a esposa dele chegaram a registrar 42 boletins de ocorrência, porém a prisão preventiva só foi decretada em 3 de março de 2023. 

Entenda o caso 

Kawara era paciente do médico e, em 2019, teria começado a persegui-lo, alegando estar apaixonada por ele. O especialista teria parado de atender a mulher, e ela passou a fazer ameaças e começar a ligar para familiares do profissional.

O homem disse que havia sido procurado pela jovem para tratar de uma depressão, no entanto, ela tentou um relacionamento. Como ele se negava, a mulher enviava mensagens e imagens em que amarrava uma corda ao pescoço e simulava um enforcamento.

Depois, ameaçava mostrar à mulher dele conversas que tiveram. Em um dia, chegou a mandar 1.300 mensagens e a fazer mais de 500 ligações por celular.

A vítima disse que a mulher apareceu em congressos que ele participava em outras cidades e ainda o perseguiu no trânsito. 

Nas redes sociais, Kawara publicava pinturas autorais que supostamente seriam dedicadas ao médico. Imagens com corações, estetoscópios, mãos com luvas e jalecos eram utilizados nas supostas declarações. 



De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, a ordem judicial foi expedida pelo Poder Judiciário da comarca de Ituiutaba. A PCMG realizou os trabalhos de polícia judiciária cabíveis, e, na ocasião, a envolvida foi encaminhada ao sistema prisional, ficando à disposição da Justiça.

A defesa de Kawara foi procurada pelo Estado de Minas e afirmou que não vai se pronunciar até a conclusão das investigações. A reportagem também tentou contato com a vítima e não teve retorno. 

O que é stalking? 

A palavra em inglês é utilizada na prática de caça e deriva do verbo "stalk", que corresponde a perseguir. O crime consiste em uma forma de violência na qual o sujeito invade repetidamente a esfera da vida privada da vítima, por meio da reiteração de atos de modo a restringir sua liberdade ou atacar sua privacidade ou reputação. 

No Brasil, a prática passou a ser considerada criminosa em março de 2021. A pena para o crime de stalking prevista no Código Penal brasileiro é de seis meses a dois dois anos de reclusão e multa.

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

 

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postado em 21/05/2024 14:06 / atualizado em 21/05/2024 14:06