
A nova vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan será incorporada à rede pública a partir de janeiro de 2026, marcando o início de uma estratégia nacional que começa pelos profissionais da Atenção Primária e será expandida gradualmente para toda a população.
As primeiras 1,3 milhão de doses, fabricadas pelo instituto, serão destinadas às equipes que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em visitas domiciliares, conforme recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que definiu o público prioritário em reunião realizada em 1º de dezembro.
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Durante o anúncio, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que proteger os trabalhadores responsáveis pelo primeiro atendimento é essencial para enfrentar períodos de alta transmissão. "A vacinação já começa com a produção do Butantan, que vai disponibilizar volume suficiente para iniciarmos a imunização dos profissionais da atenção primária em todo o país", afirmou. "A atenção primária é a porta de entrada para os casos de dengue, por isso é fundamental proteger o mais rápido possível esses profissionais”, emendou.
A campanha será ampliada à população geral à medida que novos lotes forem entregues, começando pelos adultos a partir de 59 anos e seguindo até alcançar pessoas de 15 anos.
A expansão dependerá da ampliação da capacidade produtiva, viabilizada por uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa WuXi Vaccines, que fornecerá escala industrial e transferência de tecnologia. Segundo o ministério, a estratégia de oferta escalonada considera critérios epidemiológicos, como maior risco de hospitalização, intensidade da circulação viral e impacto potencial sobre a rede de saúde. A expectativa é que a entrega contínua dos lotes permita acelerar a cobertura ao longo de 2026.
Parte das doses será destinada a uma ação específica em Botucatu (SP), que servirá como área de estudo para medir o impacto da vacinação em massa no comportamento da doença. O município deverá iniciar a imunização de toda a população entre 15 e 59 anos de forma antecipada. A estimativa é que, com adesão entre 40% e 50%, já seja possível observar mudanças significativas na transmissão. Botucatu participou de uma estratégia semelhante durante a pandemia da covid-19, e outros municípios com predominância do sorotipo DENV-3, responsável pelo aumento de casos em 2024, estão sendo avaliados para integrar o estudo.
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A vacina do Butantan mostrou 74,7% de eficácia contra casos sintomáticos e 89% contra formas graves e com sinais de alarme, segundo dados apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que concedeu registro ao imunizante na segunda-feira (8/12).
Paralelamente, o Sistema Único de Saúde (SUS) mantém a aplicação de uma outra vacina contra a dengue, produzida por um laboratório japonês e aplicada em duas doses, indicada para adolescentes de 10 a 14 anos. Desde sua incorporação, em 2024, mais de 7,4 milhões de doses desse imunizante foram aplicadas. Para 2026, o ministério garantiu 9 milhões de doses, com previsão de mais 9 milhões para 2027, dando continuidade à ampliação da proteção contra a doença no país.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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