maratona de Brasília

Meia-maratona de Brasília reúne pluralidade de atletas com amor pela corrida

Do "Homem Aranha" aos atletas novatos, os participantes da meia-maratona deram um show de garra e vontade na capital federal

Meia-maratona de Brasília ocorreu neste sábado (20/4) -  (crédito: Mari Campos/CB)
Meia-maratona de Brasília ocorreu neste sábado (20/4) - (crédito: Mari Campos/CB)

O sol nem tinha raiado na Esplanada dos Ministérios quando os 300 competidores da prova de 21km da Maratona de Brasília se preparavam para a largada na Praça da Cidadania, ao lado do Teatro Nacional. E quando a meia-maratona começou, o céu ainda estava escuro e o vento gelado! Mas de acordo com os competidores, essa é a melhor condição para correr, já que o sol e o calor dificultam a atividade. O percurso realizado neste sábado (20/4), tinha início na praça, seguindo pelo Eixo Monumental até a ponte JK e voltando para o ponto de largada. No domingo (21/4), haverá a tão aguardada maratona de 42km, além dos percursos de 3km, 5km, 10km e 21km. Após as largadas, haverá uma aula de ritmos e o show da sambista Teresa Lopes junto ao grupo Choro Livre a partir das 10h.

O evento de sábado reuniu pessoas de diversas idades! Até o homem aranha esteve presente para competir. Cristyano Martins, 38, formado em educação física e empresário da construção civil, explica o motivo de correr com a fantasia. "Eu já trabalhei com crianças na minha segunda profissão, que é educação física, e uso esse personagem desde então. Então eu faço todas as provas de Homem-Aranha para dar alegria e garra para a rapaziada. Eu sempre corri e tenho essa paixão pelo esporte, mas dei uma intensificada após a pandemia", contou.

Crystiano vai fazer o desafio BSB 64 e explica que a preparação não é fácil. "Hoje vou fazer 21km e 42km amanhã. A parte mais difícil dentro de uma maratona é realmente os treinos que têm que fazer, dedicar muito tempo, alimentação. Não foi do jeito que eu esperava, porque eu me cobro bastante, mas estou bem confiante, preparado e vamos ver no que dá. Meu próximo objetivo é continuar fazendo maratonas, diminuindo o meu tempo e também fazer uma ultramaratona", explicou.

Cristyano participou da maratona de Brasília
Cristyano participou da maratona de Brasília (foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press)

Completar uma prova de 21km pela primeira vez é uma experiência emocionante para muitos corredores, ainda mais para quem já está na terceira idade. Aos 69 anos, Maria Marlene Queiroz Bezerra, desfruta de uma saúde de ferro e, não satisfeita em ter percorrido a meia-maratona no sábado, repetirá a distância amanhã, completando o Desafio JK (que concede uma terceira medalha aos atletas que completarem as duas meia-maratonas).

“É um passo a mais que eu dei, fui bem do começo ao fim. Continuarei treinando meus percursos, porque os de 5, 10, e 12km já sou bem treinada, agora passei para 21km. Depois disso, vou começar a treinar para correr 42 km, na próxima”, garantiu a moradora de Valparaíso de Goiás. No mês passado, Maria foi campeã da 2ª etapa do Circuito Candango de Corridas em Taguatinga. Ela ganhou o troféu de ouro correndo 12 km na categoria acima de 70 anos feminina.

“Depois de correr, não tenho mais dor nas pernas, nem cansaço, o corpo fica bem leve, não tomo remédio para nada”, indicou Maria, que começou a competir em 2018. “Já fui campeã várias vezes na minha faixa etária. Sou muito feliz correndo”, garantiu.

Maria Marlene correu na maratona de Brasília
Maria Marlene correu na maratona de Brasília (foto: Mari Campos/CB/D.A Press)

Maria Eduarda Montenegro, 21, estudante de engenharia de produção da Universidade de Brasília (UnB), é novata nas competições de corrida, mas tem muito amor e dedicação pelo esporte. "Tem pouco menos de um ano que eu comecei a correr e essa vai ser minha primeira meia-maratona. Lá em casa todo mundo já corria, então eu flertava um pouco com a corrida há um tempo. Mas eu decidi investir no ano passado quando eu comprei uma prova de 10km sem nunca ter conseguido fazer nada. Comecei a treinar e depois da prova eu gostei e continuei, então tô aqui até hoje. Eu corro de três a quatro vezes na semana e faço acompanhamento com o nutricionista, principalmente agora perto dessa prova", contou. Sobre as mudanças que a corrida teve em sua vida, a estudante fala sobre a criação de rotina. "A gente costuma acordar cedo para não pegar muito calor aqui em Brasília, então querendo ou não, adianta boa parte da vida assim acordando cedo e ajuda muito a criar rotina nas outras áreas também", disse Maria Eduarda.

Maria Eduarda na maratona de Brasília
Maria Eduarda na maratona de Brasília (foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press)

Para o fuzileiro da Marinha do Brasil, Clayton Melo, 36, a corrida foi uma forma de vencer o sedentarismo pós-pandemia da covid-19 e cuidar da saúde. “Eu corro desde quando eu virei militar. Mas a minha a situação piorou bastante na pandemia. Então melhorar a condição de saúde foi a melhor forma para eu poder me exercitar. Eu corria bem, mas quando passou o primeiro ano da pandemia eu fiquei sedentário e senti muita dificuldade depois de correr 3km, que eu praticamente terminei andando. Então, a partir daquele ponto, foi a melhor forma para eu ter um objetivo melhor lá na frente”, contou. Clayton também ressaltou a importância do esporte para a saúde e que seu objetivo não é competir para ganhar pódios, mas sim para se aventurar. “No momento eu estou em Brasília, mas eu tenho objetivos de sair por aí para aventura mesmo. As pessoas que buscam a corrida é uma coisa boa, entendeu? Não só para você concorrer a um pódio, mas para futuramente, na fase idosa, você ter uma condição melhor de vida. Porque eu acho que o esporte é a melhor coisa que tem. Então se você não tem aquela força, procura!”, incentivou.

Clayton Melo na maratona de Brasília
Clayton Melo na maratona de Brasília (foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press)

A servidora aposentada Meura de Fátima Ataides, 56, contou que o atletismo é apaixonante, mas que para crescer no esporte é preciso dedicação. "A gente faz o fortalecimento, segue uma planilha porque ninguém começa a fazer 21km ou 42km de uma hora pra outra. Você tem que ter treino, tem que se preparar, se alimentar adequadamente. Mas a corrida de rua é diferente, porque as pessoas praticam sem muito apoio às vezes, sem uma nutrição, sem um personal, sem nada. Então, nesse ponto, a maratona de rua deixa todo mundo muito igual. Mas, realmente, quem quer ter um bom retorno tem que ter esse preparo, não tem como fugir disso”, explicou.

A primeira competição de Meura foi na capital e mesmo tendo começado a correr na pandemia, ela já coleciona alguns pódios. “Esse ano eu vou fazer 21km hoje, mais 21km amanhã, que é o desafio JK, mas a maratona vai ficar para fazer esse ano no Rio de Janeiro. Eu já tive pódios e estou aqui para incentivar as pessoas da minha idade, que como eu, começaram a correr há pouco tempo. E sim, é possível você ter um bom resultado, não só pelo pódio, mas pelo prazer da corrida e pela evolução pessoal! Eu, graças a Deus, eu tenho alguns pódios na minha categoria de 55 anos, mas independente disso, eu acho que é o prazer em praticar o que você gosta. Correr é uma terapia, é um exercício em que eu estou comigo mesmo. Na maioria das vezes, encontro soluções para os meus problemas, minhas respostas para algumas indagações, e é um momento meu. A corrida, apesar de você estar aqui em conjunto, ela é sua, então é mais do que um esporte, é uma terapia”, contou.

Sol e calor não combinam com corrida!

Samara Dantas, 32, servidora pública, contou que os treinos que fez para o teste físico da Polícia Militar lhe revelaram uma grande paixão. “Eu comecei a correr em 2015 para fazer teste de aptidão física de carreira de Policial Militar. Comecei a fazer o treinamento com o intuito de correr em velocidades curtas. E aí a gente vai se apaixonando pela corrida, vai pegando gosto e vai se desafiando mentalmente todo dia. A gente corre primeiro 2km, depois 5km, 8km, 10km e vai almejando cada vez mais longe”, disse. Samara também explica como o atletismo mudou sua vida e criou hábitos que antes não tinha, tudo porque o sol e o calor dificultam a prática do esporte.

“Eu nunca gostei de acordar cedo, mas é engraçado porque quando começa a correr, você acorda cada vez mais cedo porque o sol atrapalha muito o seu desempenho. O vento também, principalmente o vento da manhã. Aí você vê uma pessoa, do nada, correndo às 4h da manhã, então você se identifica. Você percebe que é capaz de superar, de acordar e dormir mais cedo, comer melhor, parar de beber, parar de fazer outras atividades que não convém com atividade física. Então não é só um esporte, é uma mudança de vida, um estilo. Para mim, o corredor é tipo meio louco. Uma pessoa que acorda às 4h da manhã para correr uma meia-maratona ou uma maratona, ganhar uma medalha e uma banana é muito bacana!”, afirmou.

 

Meura de Fátima Ataides, Katia Cândido e Samara Dantas na maratona de Brasília
Meura de Fátima Ataides, Katia Cândido e Samara Dantas na maratona de Brasília (foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press)

“Quando fizemos a contagem regressiva, ainda estava amanhecendo. Achei tão lindo que até gravei alguns vídeos. O tempo estava perfeito, foi muito propício, passamos boa parte da corrida com tempo fresco”, frisou a corredora Solange Conceição Oliveira, 34. A gestora financeira mora em Itapeva, interior de São Paulo, e tem o hábito de, pelo menos uma vez ao ano, viajar para conhecer uma nova cidade do país e se desafiar correndo. “Em 2024, escolhi Brasília e me organizei para passar a semana na capital. Aproveitando que já estou por aqui, vou correr os 5km também. Só para poder voltar para casa com duas medalhas”, comemorou Solange.

A corredora já participou de competições em Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Florianópolis, João Pessoa, Manaus, Natal, Rio de Janeiro, e São Paulo. Chegando em Brasília, ela bateu o recorde pessoal de maratonar na décima cidade — a primeira no centro-oeste. A turista ressalta a alegria e a adrenalina de avistar, correndo, os diferentes monumentos da capital da república. “Foi emocionante poder correr e apreciar monumentos tão importantes para o nosso país. A experiência de correr na ponte JK, de estar ali, olhando para o lago, eu amei muito!”, entusiasmou-se.

Desde que participou de uma corrida de rua em Itupeva, em 2016, e completou os seus primeiros 5km de prova, Solange não quis parar. “Depois que ultrapassei o pórtico, foi uma sensação única: mostrei para mim mesma que eu consigo”, completou.

Solange correu na maratona de Brasília
Solange correu na maratona de Brasília (foto: Mari Campos/CB/D.A Press)

  • Cristyano participou da maratona de Brasília
    Cristyano participou da maratona de Brasília Foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press
  • Meura de Fátima Ataides, Katia Cândido e Samara Dantas na maratona de Brasília
    Meura de Fátima Ataides, Katia Cândido e Samara Dantas na maratona de Brasília Foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press
  • Clayton Melo na maratona de Brasília
    Clayton Melo na maratona de Brasília Foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press
  • Maria Eduarda na maratona de Brasília
    Maria Eduarda na maratona de Brasília Foto: Eduarda Esposito/CB/D.A Press
  • Solange correu na maratona de Brasília
    Solange correu na maratona de Brasília Foto: Mari Campos/CB/D.A Press
  • Maria Marlene correu na maratona de Brasília
    Maria Marlene correu na maratona de Brasília Foto: Mari Campos/CB/D.A Press
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postado em 20/04/2024 14:27 / atualizado em 20/04/2024 16:36
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