
Dois casos de raiva em morcegos foram confirmados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Os casos positivos foram diagnosticados em Sobradinho e Planaltina. A pasta informou que os animais são da espécie Artibeus lituratus e possuem o hábito frugívoro, ou seja, se alimentam de frutos. De acordo com a pasta, quando os animais demonstram o comportamento habitual não apresentam risco para a população.
A médica veterinária, Giovanna Lemos afirma que a doença é de alta taxa de transmissibilidade e alta taxa de mortalidade, e que tanto para os humanos, quanto para os animais, é letal. A especialista esclarece que a transmissão acontece de maneira igual em todos os mamíferos, ocorrendo, principalmente, pela mordedura de um animal infectado, que contém na saliva o vírus da raiva. Giovanna ainda acrescenta que não são apenas os morcegos que podem transmitir o germe, qualquer animal portador do vírus pode transmitir. "Tem casos de pessoas que pegaram de cabras, cavalos infectados e animais selvagens".
- Casos de raiva em morcegos são confirmados em Sobradinho e Planaltina
- Casos de gripe aumentam 685%
- Gripe aviária: DF cria centro de operações para enfrentar a doença
A veterinária explica que o vírus da raiva atinge diretamente o Sistema Nervoso Central (SNC) do animal, com isso, ocorrem diversas alterações no comportamento, como a agressividade ou a prostração. Também pode haver salivação excessiva, dificuldade de deglutição, paralisia progressiva e sensibilidade à luz e a estímulos externos. Depois da manifestação dos sintomas, a morte ocorre entre 7 a 15 dias.
Giovanna esclarece que, caso o animal de estimação tenha tido contato com um morcego, geralmente pela boca, é essencial colocar luvas e lavar a cavidade oral do bicho. A especialista ainda destaca que é indispensável fazer ou reforçar a vacina de raiva, além de isolar o animal para poder observar melhor se há ou não alterações ao longo dos dias. Lemos acrescenta que "nos casos em que o morcego feriu o pet, deve-se levá-lo ao veterinário para melhores orientações e cuidados com a ferida."
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
A professora do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília, Ludmilla Aguiar afirma que, caso um morcego seja encontrado em condição atípica, como caído no chão ou voando durante o dia, o primeiro passo é não entrar em pânico. É preciso colocar um balde ou uma caixa de papelão para cobrir o animal. Além disso, deve-se tomar cuidado para não encostar no bicho, pois o mesmo pode reagir, na tentativa de se defender, e acabar mordendo. Após tais procedimentos é necessário ligar para o Centro de Controle de Zoonoses.
Caso a pessoa seja mordida, arranhada ou tenha o contato direto com o animal a professora explica que, de imediato, é necessário fazer a limpeza do local infectado. "Se você for arranhado, tiver contato com a boca do animal ou for mordido, imediatamente, lave a área com água e sabão e vá procurar uma vacinação", diz a professora.
A Secretaria de Saúde divulgou alguns cuidados que devem ser tomados caso um morcego seja encontrado fora do comportamento habitual, como não tocar no animal e isolá-lo a fim de evitar o contato de animais domésticos e crianças. A SES ainda informou que pode-se entrar em contato com a Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses pelo número (61) 3449-4434 ou pelo E-mail zoonosesdf@gmail.com, com o objetivo de realizar a avaliação da situação, recolhimento do morcego e encaminhamento para diagnóstico. A secretaria disse que é necessário verificar se os animais domésticos estão com a vacina antirrábica em dia.
Matar o animal é crime
Apesar dos riscos, os morcegos desempenham um papel importante no ecossistema. Ludmilla explica que os animais são "grandes dispersores de sementes", uma vez que "vão defecando e a semente vai caindo, contribuindo para o crescimento de árvores e arbustos". Além disso, os animais também contribuem para o controle de pragas em plantações. "Eles consomem tanto as pragas agrícolas que trazem uma economia de 94 dólares por agrotóxico, então, eles fazem o serviço de tirar os insetos de lá". De acordo com o Art.29 da Lei 9605/98, é crime matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Além disso, o crime resulta em uma pena de detenção de seis meses a um ano, e multa.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado
Cidades DF
Cidades DF
Cidades DF