Segurança

Morte de turista reacende alerta sobre riscos do turismo de aventura

O Corpo de Bombeiros traz uma série de dicas que podem minimizar os riscos para quem pratica o turismo de aventura, como o que vitimou o mineiro Gustavo Guimarães, em Alto Paraíso (GO). Entidade pede regulamentação

Gustavo morreu enquanto praticava o esporte em uma cachoeira de Alto Paraíso de Goiás -  (crédito: Reprodução/redes sociais)
Gustavo morreu enquanto praticava o esporte em uma cachoeira de Alto Paraíso de Goiás - (crédito: Reprodução/redes sociais)

O acidente que matou o turista mineiro Gustavo Rodrigues Guimarães, 29 anos, enquanto ele praticava highline — esporte de equilíbrio em fitas suspensas sobre precipícios ou cursos d'água —, na Cachoeira da Usina, zona Rural de Alto Paraíso de Goiás, cidade próxima ao Distrito Federal, reacende o alerta para os cuidados que devem ser tomados durante a prática.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO), responsável pelo atendimento de emergência, quando a equipe de socorro chegou no local do acidente, encontrou Gusta, como era conhecido, deitado na borda do poço da cachoeira, sem sinais vitais, com um sangramento intenso na região posterior da cabeça. Amigos da vítima relataram aos bombeiros que tentaram reanimá-lo com manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), mas não tiveram sucesso. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou o óbito de Gustavo ainda no local.

Com 32 anos de serviços no Corpo de Bombeiros (CBMDF), o major Walmir Oliveira traz uma série de dicas que, aplicadas no dia a dia da corporação, como ações de escalada e resgate em cavernas, podem embasar maior atenção dos praticantes de highline e atividades similares. Ele atenta para o sensível exame da ancoragem — com ponto de amarração da fita ou corda empregada, entre vãos. "É importante sempre ter uma ancoragem reserva e fazer uso de equipamentos obrigatórios, além de utilizar fitas que não cedam e deem real sustentação", detalha.

Segundo o major, às vezes é necessário o uso de grampos de expansão, fixados em pedras furadas, como numa espécie de parafuso, para maior segurança. Também é preciso se atentar para as condições climáticas e ter em mente que o perigo da queda existe, e deve ser minimizado, segundo Oliveira. "Outro tópico importante é as condições físicas e emocionais. Em hipótese nenhuma, o esportista pode consumir substâncias lícitas ou ilícitas que comprometam a capacidade psicomotora", alerta.

Para garantir uma prática segura, o oficial do CBMDF aconselha que o praticante não esteja só e prefira companhias de pessoas qualificadas para as atividades. "É importante considerar com a equipe a existência de pessoas com disponibilidade de prestar socorro. Também é de suma importância que cada pessoa saiba do limite de suas habilidades e nunca os ultrapasse", acrescenta o major do CBMDF.

Regulamentação clara

Recentemente, a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) destacou o quanto "é inadmissível que ainda faltem protocolos claros e aplicáveis, especialmente em atividades com risco evidente à integridade física". O acidente que levou a brasileira Juliana Marins à morte na Indonésia, em junho deste ano, quedas de balões e um quase tragédia com stand up paddles no Rio de Janeiro foram eventos que reacenderam o alerta sobre a necessidade de regulamentação rígida e fiscalização efetiva para esse segmento do turismo no Brasil e no mundo.

No Brasil, a FBHA reitera a importância do trabalho já desenvolvido pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), que há anos apresenta propostas de normativas para garantir a segurança e a profissionalização do setor. Alexandre Sampaio, presidente da FBHA, reforça que o Turismo de Aventura precisa, urgentemente, de uma regulamentação clara no mundo todo. "No nosso país, deve ser aplicada com o apoio do Ministério do Turismo e da iniciativa privada. Sem normativas bem definidas e fiscalização eficiente, colocamos em risco vidas e a reputação do setor", alerta.

Despedida

Com pedidos de conforto a Deus e votos de que todos os familiares encontrem paz, amigos usaram as redes sociais para se despedir de Gustavo Guimarães, que foi enterrado ontem, em Belo Horizonte (MG). Além do registro de nota de falecimento, a internet transmitiu mensagens da comunidade do esporte amador que saudou a conexão de Gustavo com a natureza.

Houve quem falasse do amor do atleta em flutuar "entre céus e abismos". "Que os ventos da Chapada te recebam em paz e que tua travessia agora seja feita no infinito" foi grafado em post, que ressaltou ser a Chapada "lugar de força e beleza", agora acolhedor da memória dele. Ana Flora Drummond, namorada de Gustavo, se declarou: "Tivemos um 'trem muito doido'. Na primeira semana, a gente estava apaixonado. Na segunda, ele estava entrando para a minha família. Na terceira, a gente estava fazendo planos de viagem. Vivemos."

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postado em 28/07/2025 05:30 / atualizado em 28/07/2025 08:03
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