
A jornalista Darcianne Diogo conquistou o primeiro lugar na categoria Texto no Prêmio Sebrae de Jornalismo (PSJ) 2025, etapa distrital, com a reportagem “À sombra dos muros: o comércio que se estrutura ao redor da Papuda”.
Jovem, mas com vasta experiência na cobertura de segurança pública, Darcianne trouxe à tona uma realidade pouco visível: o empreendedorismo que se organiza nas portas de presídios, em especial no Complexo da Papuda, no Distrito Federal. A ideia surgiu quando a jornalista percebeu a rotina invisível de mulheres que trabalham diariamente com serviços e vendas direcionados a familiares de detentos.
A repórter conta que a apuração exigiu imersão. “Fomos ao presídio por três dias. Além disso, visitamos a Feira de Ceilândia para entrevistar ambulantes e feirantes que começaram a investir nesse comércio. Eles vendem roupas brancas, chinelos, itens de higiene, tudo voltado às necessidades de quem tem um familiar preso”, detalhou.
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O impacto da reportagem foi imediato: essas trabalhadoras conseguiram a regularização da atividade e passaram a ter carteirinhas de identificação como ambulantes credenciadas na porta do presídio. “Era um trabalho invisível e não reconhecido. Depois da matéria, essas mulheres puderam atuar de forma regularizada”, celebra Darcianne.
Além do comércio, a jornalista destaca o papel social exercido por essas mulheres. “Elas não eram apenas guarda-volumes. Serviam também como apoio emocional para familiares de presos, mães, esposas, irmãos, que encontravam nelas suporte psicológico no momento da visita”, conta.
Darcianne lembra ainda a posição do Distrito Federal no cenário carcerário. “A gente está entre as maiores populações prisionais do país, superando estados como a Bahia. Esses empreendedores, em sua maioria mulheres, acabam sustentando parte desse sistema de forma invisível”, avalia.
Leia a reportagem premiada: À sombra dos muros: o comércio que se estrutura ao redor da Papuda
Recorde de participação
Em sua 12ª edição, o Prêmio Sebrae de Jornalismo registrou, pela terceira vez consecutiva, recorde de inscrições. Foram 3.442 trabalhos concorrendo em todo o país — um aumento de 12% em relação a 2024. No Distrito Federal, 121 reportagens disputaram nas categorias Texto, Áudio, Vídeo, Fotojornalismo e Jornalismo Universitário, essa última criada na edição anterior.
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