
A Polícia Civil de Goiás prendeu Rildo Soares dos Santos, de 33 anos, suspeito de ter cometido uma série de crimes em Rio Verde, no sudoeste goiano. Natural da Bahia e atuando como pintor, ele é investigado por pelo menos seis ocorrências violentas: três feminicídios, um latrocínio e o desaparecimento de duas mulheres. As autoridades apontam a possibilidade de se tratar de um serial killer, diante do padrão encontrado nas investigações.
Segundo a polícia, Rildo tinha o hábito de sair de madrugada vestido com um uniforme de gari, o que lhe permitia circular pelas ruas sem levantar suspeitas. O perfil das vítimas, a maioria mulheres em situação de rua, usuárias de drogas ou em condição de vulnerabilidade, chamou a atenção dos investigadores.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular?
Em todos os casos, os crimes ocorreram de madrugada, em terrenos baldios. Após estarem sob o jugo de Rildo, as vítimas eram mortas a pauladas, principalmente na cabeça. Algumas vítimas foram encontradas parcialmente despidas, o que levanta a suspeita de violência sexual. As vítimas eram enterradas sobre escombros e pedras. Em um dos casos ele também ateou fogo no cadáver das vítimas. Na residência dele, os policiais apreenderam bolsas femininas, roupas, celulares e até bonecas. Para os investigadores, esses objetos podem ser “troféus” de outros crimes ainda não identificados.
Caso que levou à prisão
O crime que levou à prisão do suspeito foi o feminicídio de Elisângela da Silva Souza, de 26 anos. Ela desapareceu na madrugada de 11 de setembro, quando saía para trabalhar. Imagens de câmeras de segurança registraram a jovem acompanhada de Rildo em direção a um terreno baldio no bairro Popular. No dia seguinte, a família registrou ocorrência de desaparecimento e iniciou buscas por conta própria. Veja o momento em que ele leva a vítima, registrado por uma câmera de segurança:
Durante as diligências, os investigadores localizaram roupas da vítima no terreno e identificaram Rildo, que chegou a assistir de perto o trabalho da perícia no local. O delegado Adelson Candeo, do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Rio Verde, responsável pelo caso, relatou o momento em que o suspeito foi identificado na multidão. “Percebemos que ele estava no meio da aglomeração, acompanhando o trabalho da perícia. Era muito parecido com o homem visto nas imagens de câmeras. Quando foi abordado, encontramos o cartão de crédito da Elisângela no bolso dele”, contou o delegado.
Mortes sob investigação
Rildo confessou o assassinato e detalhou a dinâmica do crime. Segundo a polícia, ele teria arrastado a vítima para uma área de mata, praticado violência sexual, desferido pauladas e esganadura, antes de ocultar o corpo em uma cova rasa. Além de Elisângela, o suspeito é apontado como responsável pelas mortes de Alexânia Hermógenes Carneiro, de 40 anos, e Monara Pires Gouveia, de 31 anos, ambas também encontradas em terrenos baldios de Rio Verde.
Ele admitiu ter tido contato com as vítimas, mas negou os assassinatos. O delegado destacou as semelhanças entre os crimes. “Foram praticados de forma muito semelhante: mulheres vulneráveis, atacadas de madrugada, mortas com extrema violência, em terrenos baldios. A assinatura criminosa é clara”.
Outro crime atribuído ao suspeito é um latrocínio registrado em 7 de setembro, quando ele cortou a garganta de um homem que dormia em um carro na região e roubou o veículo, celular e chaves. O automóvel foi incendiado posteriormente, e os pertences da vítima foram localizados na casa de Rildo.
A polícia também investiga o desaparecimento de duas mulheres: uma de 38 anos, usuária de drogas, vista pela última vez em 12 de setembro, e outra de 42 anos, com transrtornos mentais, desaparecida desde maio. A bolsa de uma delas foi encontrada na residência do suspeito, o que reforça as suspeitas de envolvimento.
Perfil de psicopata
O delegado descreveu Rildo como um homem frio, calculista e com traços de psicopatia. “Ele escolhia as vítimas de forma aleatória, mas sempre dentro de um padrão. Em um dos crimes, uma viatura passou no local e ele permaneceu tranquilo, sem correr, absolutamente sereno. Esse desprezo pelas vítimas e a fachada de normalidade são características típicas de psicopatas”, explicou.
Segundo o depoimento da esposa, Rildo nunca levantou suspeitas em casa. Amigos também relataram surpresa com a prisão, descrevendo-o como uma pessoa aparentemente comum. Ainda de acordo com o delegado, o suspeito retornava frequentemente às cenas dos crimes, comportamento típico de serial killers. “O criminoso sempre volta ao local, é uma forma de alimentar o próprio ego. Ele chegou a assistir o trabalho da perícia e circulava tranquilamente como se nada tivesse acontecido”.
Prisão preventiva
Rildo está detido preventivamente na Casa de Prisão Provisória de Rio Verde. Ele responde pelos crimes de feminicídio, latrocínio e ocultação de cadáver no caso de Elisângela, enquanto é investigado pelos demais assassinatos e desaparecimentos.
As penas pelos crimes já atribuídos podem ultrapassar 200 anos de prisão. “Estamos diante de uma sequência de crimes brutais, praticados com extrema violência e frieza. A investigação segue para esclarecer todos os casos e dar resposta às famílias das vítimas”, afirmou o delegado. As autoridades também apuram se Rildo esteve envolvido em outros crimes violentos na Bahia, onde possui registros criminais anteriores.
Cidades DF
Cidades DF
Webstories