A movimentação de funcionários e internos na Comunidade Terapêutica Liberte-se, do Paranoá, continua na manhã desta sexta-feira (19/9). A unidade é vizinha ao estabelecimento da mesma rede que pegou fogo em 31 de agosto matando cinco pessoas e deixando outras 11 feridas.
O que chama a atenção no flagrante feito pela equipe do Correio no fim da tarde de ontem (18/9) e na manhã de hoje é que, logo após o incêndio fatal, a Secretaria DF Legal constatou que esta unidade era clandestina, ou seja, os proprietários sequer apresentaram qualquer pedido ao governo para funcionar.
Quando a reportagem chegou, internos trabalhavam na manutenção do local. Por volta das 9h30, um carro entrou rapidamente, abriu e fechou o portão.
Um interno que varria a calçada em frente ao portão contou estar no local há cinco meses e relatou que, antes do episódio de incêndio na outra unidade, havia mais de 70 pessoas. Após o incidente, o proprietário permitiu que quem quisesse ir embora saísse, mas ele optou por permanecer, pois não tinha onde ficar em Brasília.
Ele contou que ajuda nos consertos das paleteiras e realiza serviços de manutenção nos depósitos. “Recebemos alimentação, dormitório e banho no local”, disse. Segundo o interno, atualmente, sete a oito pessoas permanecem na mesma condição no espaço.
Decisão Judicial
A Justiça do Distrito Federal determinou, no fim da última quarta-feira (17), o fechamento imediato da Comunidade Terapêutica Liberte-se, do Lago Oeste. Denúncias de cárcere privado e maus-tratos chegaram à polícia por meio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CDH/CLDF), que recebeu diversas denúncias sobre a instituição.
Investigadores da 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II) foram ao local e encaminharam 27 internos para prestar depoimento. Segundo o delegado Ricardo Viana, chefe da 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II), parte dos relatos indicavam que os pacientes não tinham o livre-arbítrio de deixar o local, o que configura “internação involuntária fora dos parâmetros legais”.
Três pessoas foram presas em flagrante pelo crime de cárcere privado. Eles foram liberados pela Justiça em audiência de custódia e terão que usar tornozeleira eletrônica por 90 dias.
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