
O caso Isaac Vilhena foi tema do CB. Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — desta segunda-feira (20/10). O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, abordou o recente caso da morte do adolescente na Asa Sul, na última sexta-feira (17/10). Em conversa com as jornalistas Samanta Sallum e Adriana Bernardes, o titular da pasta também falou sobre as estratégias em curso para conter o avanço da criminalidade entre menores e os principais gargalos da segurança em Brasília.
Logo no início da conversa, Avelar foi questionado sobre o caso do jovem estudante esfaqueado dentro da entrequadra 112/113 Sul, durante um assalto que resultou em latrocínio (roubo seguido de morte). Ele reconheceu o impacto simbólico da morte do adolescente numa região considerada de baixa criminalidade, principalmente por conta da frieza demonstrada pelos autores.
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“O depoimento do delegado que ouviu os responsáveis por esse crime é muito elucidativo. Ele fala que, dos sete apreendidos, somente um demonstrou algum tipo de sensibilidade. Percebe-se que eles sabem jogar com isso e que não vão ser responsabilizados. Em tese, a lei diz que ele desconhece o fato criminoso, mas, na verdade, ele conhece muito bem”, afirmou.
Avelar defendeu mudanças na legislação que tragam mais responsabilização a menores infratores. “Particularmente, acho um absurdo. Seguimos uma legislação de 1940 — nem mesmo os adultos daquela época tinham o grau de informação que hoje têm os nossos menores. Dizer que um rapaz de 15, 16 ou 17 anos não tem noção do que está fazendo é horrível”, disse.
Estratégias e metas
Para lidar com o panorama, o secretário de Segurança sustentou a necessidade de ações mais amplas e com menor foco em punir. Um dos focos de prevenção é garantir vagas para jovens nas escolas da capital federal. “É importante também a obrigatoriedade de que esses jovens estejam na escola. Um exemplo que podemos trazer para cá é o do Reino Unido, onde, se um jovem está na rua no horário em que deveria estar na escola, pode ser abordado, e os pais podem responder administrativamente, como uma espécie de abandono de incapaz”.
Ele também mencionou que a pasta está reeditando projetos voltados a esporte e cultura, a fim de afastar esse público da criminalidade. “Temos, por exemplo, o Esporte à Meia-Noite, que leva os jovens que buscam lazer para praticar esporte no período noturno. E também realizamos o Picasso Não Pichava, na linha de ensinar a cantar, pintar etc. O importante é entender que não existe solução milagrosa”, informou.
O convidado, no entanto, destacou que, mesmo hoje, os resultados obtidos pela Segurança Pública são promissores. “Tivemos o menor número de homicídios de toda a série histórica, que é medida desde 1975. E o menor número de latrocínios. Em 2001, tivemos 84 latrocínios e em 2025, 8. Os números reais mostram que Brasília é a segunda capital mais segura do Brasil, perdendo apenas para Florianópolis. Mas enquanto houver um (crime) não temos o que comemorar”, pontuou.

Cidades DF
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