
Moradores da Asa Sul dizem ter medo de andar nas ruas devido aos casos recentes de violência na região. No domingo passado, dois adolescentes, de 15 e 17 anos, fizeram um arrastão em três regiões do bairro, pouco mais de uma semana após o estudante Isaac Augusto Vilhena, 16, ser morto durante um latrocínio, no último dia 17, na Entrequadra da 112/113 Sul, também por menores de idade.
Para a estudante da Universidade de Brasília (UnB) Manuela Melucci, 18, a situação está "bizarra". "Ultimamente, tenho medo de andar nas ruas até durante o dia. Este ano, duas pessoas foram assaltadas perto do prédio onde moro. Escutei os gritos", contou a universitária, relatando que, recentemente, passou por uma situação bastante perigosa. "Um homem começou a correr atrás de mim e de uma amiga. Tivemos que pedir ajuda para um porteiro, que mandou ele embora."
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Outra moradora da Asa Sul, uma advogada de 50 anos que preferiu não se identificar, disse que começou a alertar a filha sobre os cuidados na rua após o caso do adolescente Isaac Vilhena, morto com uma facada no peito ao reagir a um assalto, a cerca de 4km do local onde moram. "Minha filha tem 14 anos. Costuma passear com o cachorro, por volta das 18h, e jogar vôlei com as amigas na quadra (Issac jogava vôlei com amigos quando foram abordados pelos assaltantes). Falei para ela ficar mais atenta. Além disso, não andamos com celular à noite, justamente por segurança", comentou.
Já Adalto Santos, 39, vigilante de um edifício na Asa Sul, afirmou que a região costuma ser tranquila, mas relatou algumas ocorrências de furto: "No ano passado, uma quadrilha arrombou três ou quatro carros aqui, para pegar os itens de dentro". Tatiana Vieira, 36, veio de Recife há cerca de um ano e, por enquanto, acha o bairro seguro. "Passeio por aqui com tranquilidade, pois sempre tem algum movimento. Mas evito ficar na rua depois das 20h", relatou.
Policiamento
O comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar (Asa Sul), tenente-coronel Rogério, enfatizou que a corporação realiza ações de patrulhamento tático na região, além de ações de inteligência e preventivas, como treinamentos da comunidade, prefeitos de quadras e síndicos, entre outros, para compor a Rede de Vizinhança Protegida e a Rede Comércio Protegido.
"Também realizamos ações conjuntas com a SSP, DF Legal, CEB, Detran e Administração de Brasília, entre outros órgãos, visando resolver problemas que podem culminar no aumento de crimes, como falta de iluminação, estabelecimentos comerciais irregulares e moradores em situação de rua", ressaltou.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) informou que tem investido na capacitação das forças de segurança, melhoria dos equipamentos utilizados, adoção de tecnologias avançadas para otimizar o trabalho policial e fortalecimento dos processos de gestão. Segundo a pasta, relatórios semanais são compartilhados com as forças de segurança para identificar dias, horários e locais de maior incidência de crimes, garantindo um policiamento efetivo.
A SSP/DF destacou a importância do registro de ocorrência pela população para subsidiar a elaboração desses estudos e das manchas criminais, levantamentos que são utilizados na elaboração de estratégias para o policiamento ostensivo da Polícia Militar, bem como para a identificação e desarticulação de grupos especializados por parte da Polícia Civil (PCDF). Para denúncias, a PMDF está disponível pelo número 190.
*Estagiária sob supervisão de Eduardo Pinho

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