
A Rota do Queijo Artesanal do Distrito Federal, instituída oficialmente no início deste ano, colocou o DF em uma posição de destaque no turismo gastronômico brasileiro. Montada pela Secretaria de Turismo, a Rota permite ao visitante conhecer o processo de fabricação de queijos artesanais, além de passar por paisagens do Cerrado. O objetivo é impulsionar o turismo gastronômico, fortalecer a economia regional e a geração de empregos, além de incentivar a formalização de pequenos produtores.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater DF), há, no DF, 129 produtores rurais de queijo cadastrados. Desses, nove estabelecimentos estão registrados formalmente na Secretaria de Agricultura (Seagri-DF), sendo dois de médio/grande porte (vaca), quatro artesanais (um de búfala, um de cabra, dois de vaca) e três de pequeno porte.
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Uma das queijarias que fazem parte da Rota do Queijo é a Cabríssima, do casal Giovana Navarro e Aurelino de Almeida. Eles produzem queijo de cabra há cinco anos. "Nós sempre desejamos ter uma propriedade produtiva que pudéssemos compartilhar com as pessoas. Criamos porcos, aves, coelhos, mas foram as cabras que nos conquistaram pela docilidade, pela interação com as pessoas, além da alta qualidade do leite de cabra, que é altamente digestível, não alergênico e com potencial para elaboração de queijos maravilhosos e saudáveis", lembrou Giovana.
"Estudamos, fizemos cursos, testamos muito e fomos evoluindo. De abril do ano passado para cá, conquistamos 18 medalhas de ouro, cinco de prata e três de bronze, em concursos nacionais e internacionais", enfatizou Giovana. "Temos também turismo rural na propriedade, para ajudar no faturamento e poder compartilhar nosso compromisso com a qualidade de nossos produtos, com a sustentabilidade e com o cuidado com os clientes e funcionários", acrescentou.
Por meio de assistência técnica continuada, a Emater DF apoia os produtores de queijo. "São diversos métodos individuais e coletivos que auxiliam na assistência técnica e extensão rural. Visitas técnicas às propriedades rurais, atendimento nos escritórios locais, reuniões, dia de campo, capacitações, exposições em feiras e incentivo ao associativismo e ao cooperativismo", elencou a extensionista rural Camila Braz Ribeiral.
A Setur-DF faz visitas técnicas em cada um dos estabelecimentos participantes, com o objetivo de validar as experiências turísticas oferecidas e assegurar que cada local se destaque como um verdadeiro atrativo para o turismo regional. As visitas são conduzidas por turismólogos que também colaboram diretamente na elaboração do Mini Guia do Queijo do DF, material que reúne informações sobre os produtores e as experiências disponíveis na rota (acesse pelo QR Code).
Além disso, a pasta divulga as rotas em feiras e eventos nacionais e internacionais, com o propósito de promover o turismo de Brasília de forma ampla, valorizando não apenas os atrativos cívicos, mas também sua diversidade gastronômica e cultural.
Mercado
Produtor de queijo desde 2015, Luciano César Nunes elogiou o mercado de produção de queijos artesanais no DF. "Acho que estamos caminhando para ficar cada vez melhor, o governo está empenhado a formalizar as queijarias para que todos possam trabalhar dentro da legalidade. O mercado é bom, e a produção local tende a ser muito vantajosa para quem compra e também quem vende", afirmou ele, que produz a iguaria em sua propriedade, no Núcleo Rural Buriti Vermelho, na região do PADF.
O produtor Joe Valle, da queijaria Malunga, tem a mesma visão. "Eu acho que, aqui, o mercado (de queijos artesanais) só vai crescer. Percebemos que os nossos produtos têm saído muito bem em feiras. Estamos formando um público que gosta de queijo artesanal e paga o preço. O nosso produto não tem somente preço, tem valor, porque traz toda uma história e origem", avaliou.
Joe produz queijo há mais de 30 anos e também oferece a opção de visitação na Fazenda Malunga, que também está na Rota do Queijo. "Produzindo queijo durante esse tempo fez com que fôssemos melhorando o processo, aprendendo mais, aí passamos a fazer iogurte, as manteigas e todos os derivados. Mais recentemente, passamos a produzir requeijão cremoso e doce de leite, todos orgânicos", destacou.
Simpósio
Brasília recebeu, pela primeira vez, em outubro, o Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil. O professor de Gestão da Qualidade dos Alimentos e organizador do evento, Jean-Louis Le Guerroué tem focado sua atuação e pesquisa nos queijos artesanais e destacou a importância da atividade para o desenvolvimento dos territórios. "O queijo artesanal não é só um produto, é algo que representa histórias, territórios, saberes. Valorizando os produtores, valoriza-se o campo, preserva o ambiente", ressaltou.
"Trazer o simpósio para a capital também foi uma forma de valorizar os produtores da região. Temos que valorizar os produtores da agricultura familiar", afirmou Jean-Louis.
Ainda segundo o professor, o queijo artesanal tem se popularizado por conta de características peculiares do produto. "O queijo artesanal tem um impacto social e ambiental bem maior do que o econômico. A ciência também tem reconhecido que o consumo de queijos de leite cru favorece a saúde, ajuda o organismo a ter uma melhor defesa. Em termos de segurança dos alimentos, é um bom produto", disse.
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