
O Distrito Federal aparece entre as cinco unidades da Federação com maiores taxas de feminicídio do Brasil, segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A taxa local chegou a 2 feminicídios por 100 mil mulheres em 2024, acima da média nacional de 1,4. O levantamento aponta que, a cada 12 dias, uma mulher foi morta vítima de feminicídio na capital federal.
Apesar da redução de 26,2% no número de casos entre 2023 e 2024 — de 31 para 23 mortes —, a violência de gênero continua a registrar índices alarmantes na região. Apenas neste ano, 24 mulheres já perderam a vida por esse tipo de crime, incluindo uma adolescente de 13 anos.
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As tentativas de feminicídio apresentaram alta, passando de 105 em 2023 para 111 em 2024, um crescimento de 5,1%. Já os homicídios de mulheres em geral caíram 22,6%, de 45 para 35 registros. O levantamento também mostra que os casos de violência doméstica diminuíram 4,1% no mesmo período, totalizando 3.439 ocorrências.
Outro dado que chama atenção é o aumento dos feminicídios seguidos de suicídio do autor, que triplicaram em um ano: de um caso em 2023 para três em 2024.
Cenário nacional
O DF não é o único a enfrentar a escalada da violência de gênero. Em todo o país, a cada seis horas uma mulher é morta pelo simples fato de ser mulher. Em 2024, as tentativas de feminicídio cresceram 19% em relação ao ano anterior. Estados como Tocantins, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso lideram o ranking nacional, com taxas entre 2,3 e 2,9 mortes por 100 mil mulheres.
Diante desse cenário, o Poder Judiciário lança, a partir desta segunda-feira (10/11), em São Luís (MA), a campanha Judiciário pelo fim do feminicídio, que será apresentada durante a abertura do XVII Encontro Anual do Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid). O evento ocorre até 14 de novembro, com o tema “Como a educação e a comunicação podem ser instrumentos para a erradicação da violência doméstica e familiar contra as mulheres?”.
A solenidade de abertura acontece no Teatro Arthur Azevedo, com palestra magna da ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), intitulada “O compromisso constitucional do Poder Judiciário contra o feminicídio”.
Para o presidente do Fonavid, juiz Francisco Dantas Tojal Matos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, a campanha marca o engajamento da magistratura na luta pela vida das mulheres. “O feminicídio é a expressão mais extrema de uma sociedade desigual. Nosso papel, como Poder Judiciário, é reafirmar o compromisso com a proteção da vida das mulheres e com a construção de uma cultura de paz e respeito. Precisamos agir antes que a violência aconteça”, afirmou.
Maranhão também acende alerta
No Maranhão, estado-sede do evento, os números também preocupam. Em 2024, foram registradas 156 mortes violentas de mulheres, sendo 69 feminicídios, o que representa aumento de 38% em relação a 2023. As tentativas de feminicídio saltaram 81,1%, passando de 59 para 107 casos.
- Leia também: 62% dos brasileiros dizem não saber como ajudar mulher vítima de violência, diz pesquisa
Em todo o Brasil, 52 das mulheres assassinadas possuíam medidas protetivas em vigor, o que evidencia falhas na rede de proteção e na execução das medidas judiciais.
Ranking dos estados mais violentos para mulheres
- Tocantins (TO) - 2,9
- Mato Grosso do Sul (MS) - 2,7
- Mato Grosso (MT) - 2,3
- Rondônia (RO) - 2,1
- Distrito Federal (DF) - 2,0
- Goiás (GO) - 1,9
- Acre (AC) - 1,8
- Minas Gerais (MG) - 1,7
- Espírito Santo (ES) - 1,6
- Amazonas (AM) - 1,4
- Bahia (BA) - 1,4
- Paraná (PR) - 1,4
- Sergipe (SE) - 1,4
- Alagoas (AL) - 1,3
- Rio de Janeiro (RJ) - 1,3
- Ceará (CE) - 1,2
- Rio Grande do Sul (RS) - 1,2
- Roraima (RR) - 1,2
- Santa Catarina (SC) - 1,2
- Pará (PA) - 1,0
- Maranhão (MA) - 0,9
- Paraíba (PB) - 0,9
- Pernambuco (PE) - 0,9
- Piauí (PI) - 0,9
- Rio Grande do Norte (RN) - 0,9
- São Paulo (SP) - 0,8
- Amapá (AP) - 0,5
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