TRAMA GOLPISTA

STF inicia o julgamento da cúpula da PMDF pelo 8 de janeiro

A ex-cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal é acusada de omissão deliberada durante os atos golpistas de 8 de janeiro; as penas podem passar de 20 anos

Ministro Alexandre de Moraes é o relator do processo que aponta responsabilidades da cúpula da PMDF em 8 de janeiro de 2023 -  (crédito: Rosinei Coutinho / STF)
Ministro Alexandre de Moraes é o relator do processo que aponta responsabilidades da cúpula da PMDF em 8 de janeiro de 2023 - (crédito: Rosinei Coutinho / STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta sexta-feira (28/11), o julgamento de sete ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), acusados de omissão deliberada durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O julgamento, realizado em plenário virtual pela Primeira Turma da Corte, irá se estender até 5 de dezembro.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa os agentes de terem se omitido intencionalmente, mesmo possuindo informações antecipadas de risco. Segundo a acusação, essa falha facilitou a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.

Os crimes atribuídos aos réus, por essa omissão, são: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e violação de dever contratual de garante e por ingerência da norma. A PGR argumenta que os comandantes não reforçaram o policiamento nem impediram ou atuaram para conter a invasão.

Essa conduta intencional permite que eles respondam pelos mesmos crimes cometidos pelos criminosos invasores, devido à sua “posição de garante”. Essa posição legal se deve ao fato de que os policiais militares tinham, por lei e pela Constituição Federal, o dever de vigilância, proteção e preservação da ordem pública, assegurando o livre exercício dos poderes constituídos.

O ministro relator é Alexandre de Moraes, e há a expectativa é de que as penas possam ultrapassar 20 anos. Os réus são:

  • Fábio Augusto Vieira: comandante-geral da PMDF à época dos fatos;

  • Klepter Rosa Gonçalves: subcomandante-geral à época. Ele assumiu o comando após o afastamento e prisão de Vieira;

  • Jorge Eduardo Barreto Naime: coronel da PMDF e ex-chefe do Departamento de Operações;

  • Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra: coronel da PMDF;

  • Marcelo Casimiro Vasconcelos: coronel da PMDF e comandante do 1º Comando de Policiamento Regional — que abrange a área da Esplanada dos Ministérios;

  • Flávio Silvestre de Alencar: major da PMDF, que comandou pelotões do Choque durante os atos golpistas;

  • Rafael Pereira Martins: tenente da PMDF, que comandou pelotões do Choque durante os atos golpistas. 

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Situação atual dos réus

Atualmente, os acusados estão em liberdade provisória. No entanto, foram impostas medidas cautelares pela Justiça, incluindo o uso de tornozeleiras eletrônicas. As restrições incluem: proibição de sair do DF; obrigação de permanecer em casa à noite e aos fins de semana; apresentação à Justiça toda segunda-feira; proibição de redes sociais; cancelamento de passaportes; suspensão de porte e registro de armas; e proibição de contato com outros investigados.

Em relação à defesa, os advogados negaram as irregularidades imputadas. Eles pedem a absolvição dos policiais, sustentando que não há provas, crime ou conduta irregular. O advogado do coronel Fábio Augusto Vieira, por exemplo, fez um pedido para que o julgamento fosse presencial — o que foi negado — e sustenta que seu cliente “é inocente. Um homem inocente pode ser condenado”, sustentou, segundo apuração da jornalista Ana Maria Campos.

O julgamento já havia sido incluído e retirado de pauta pelo Supremo outras duas vezes em meses anteriores. O processo, que é virtual, pode ser interrompido caso um dos cinco ministros — com a saída de Luiz Fux, por enquanto quatro — solicite vista (prazo extra) ou destaque (migração para o plenário físico).

O processo no STF também é notado por ser um precedente importante para outros casos da trama golpista. Os crimes atribuídos aos PMs são semelhantes aos atribuídos a outros investigados e condenados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e os membros do seu governo que compõem o chamado “núcleo crucial” da trama.

 

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postado em 28/11/2025 11:39 / atualizado em 28/11/2025 11:43
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