
Moo Shong Woo, conhecido e reverenciado como Mestre Woo, morreu na manhã deste sábado (6/12), aos 94 anos, vítima de um infarto. Introdutor do Tai Chi Chuan em Brasília, ele foi responsável por transformar a relação da capital com as práticas orientais, criando uma comunidade que, por quase cinco décadas, se reuniu ao ar livre para cultivar saúde, movimento, espiritualidade e pertencimento. Sua morte reacendeu o reconhecimento por um legado que moldou a paisagem humana da cidade.
Nascido em 3 de março de 1932, em Chiayi, Taiwan, Woo cresceu cercado por tradições familiares que combinavam artes marciais e medicina chinesa. Formou-se em Arquitetura, mas ampliou seu percurso ao estudar medicina ocidental nos Estados Unidos na década de 1950, em um esforço constante de unir corpo, mente e filosofia em uma mesma compreensão de mundo. Mudou-se para o Brasil em 1961, morou em Minas Gerais e São Paulo e se estabeleceu definitivamente em Brasília em 1968, quando a cidade ainda respirava o ar de construção e experimentação.
Foi na capital que encontrou o espaço ideal para desenvolver o movimento Tai Chi Being Tao, iniciativa que marcou profundamente a vida cultural e comunitária do DF. Em 1974, na área que mais tarde seria batizada de Praça da Harmonia Universal, na Asa Norte, Woo iniciou encontros públicos e gratuitos de Tai Chi.
As aulas rapidamente extrapolaram o caráter de prática física e se tornaram um ritual coletivo, aberto a pessoas de todas as idades e condições de saúde. Sem cobrança, sem distinções e sem a pressa típica das metrópoles, a praça passou a ser ocupada ao amanhecer por coreografias lentas, respirações profundas e uma sensação de acolhimento que ele ajudou a moldar e que se tornou marca cultural da cidade.
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Por meio de seus ensinamentos, Woo inspirou milhares de pessoas a reencontrarem mobilidade, equilíbrio emocional e sentido de vida. Muitos praticantes relatam transformações significativas, como a escritora Joung Ja Chang, de 83 anos, que contou ao Correio, em março deste ano, ter recuperado parte da qualidade de vida ao incorporar as sequências diárias de movimentos.
Em seu aniversário de 94 anos, celebrado em 2025 com atividades especiais na Praça da Harmonia Universal, o mestre foi homenageado por alunos, autoridades e admiradores que reconheciam não apenas sua técnica, mas sua generosidade. No evento, ele ouviu aplausos prolongados de pessoas que aprenderam com ele a olhar para o corpo com delicadeza e para a cidade com gratidão.
O impacto do Mestre Woo registrou-se também nas instituições públicas. Ele recebeu títulos como o de Cidadão Honorário de Brasília e a comenda Mérito do Cidadão Candango, que reconheceram sua contribuição cultural e social para o DF. A Associação Being Tao, criada a partir de seu trabalho, publicou nota lamentando sua morte e agradecendo o carinho recebido pela comunidade ao longo de décadas, afirmando que seus ensinamentos continuarão guiando as atividades e que a praça seguirá viva como espaço de convivência e harmonia.

Cidades DF
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