
O Projeto Roedores de Livros, da Ceilândia, é um dos finalistas do Prêmio VivaLeitura 2025, na categoria “bibliotecas públicas, comunitárias e privadas”. Fruto da parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e Ministério da Cultura (MinC), a premiação reconhece ações de leitura, literatura, escrita. Além disso, visa fortalecer bibliotecas e espaços culturais como ferramentas de transformação social e educacional.
Criado em 2006, o Roedores de Livros é organizado e desenvolvido por um grupo de voluntários, que inclui professores, escritores, bibliotecários, gestores culturais e estudantes de Letras e Pedagogia da Universidade de Brasília (UnB).
A sede da iniciativa está localizada na biblioteca comunitária do Shopping Popular de Ceilândia (DF), onde visitantes podem fazer empréstimos do acervo de mais de 5.000 livros de literatura infantil e juvenil, incluindo livros em braille e audiolivros.
“A inspiração para criar o projeto nasceu da minha experiência na formação de professores da Secretaria de Educação do DF. Paralelamente, eu nutria o desejo profundo de atuar em comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, afirma Ana Paula Bernardes, coordenadora da Biblioteca Comunitária Roedores de Livros.
Segundo ela, a ideia foi motivada pelo questionamento “como formar leitores dentro da escola quando faltam condições para que a leitura floresça?”. Um encontro com o cartunista e escritor Ziraldo também fortaleceu a ideia.
“Em diversas ocasiões, pude dizer ao Ziraldo que ele se tornou, de certa forma, o padrinho dessa iniciativa, que desde então tem sido fundamental na promoção da leitura e na transformação da vida de tantas crianças e famílias”, declara Ana Paula.
Mais que uma biblioteca
Quem visita a sede do projeto, encontra mais que um extenso acervo de livros. Para a coordenadora da iniciativa, a Biblioteca Comunitária Roedores de Livros é também um ponto de articulação cultural, educativa e política em defesa da leitura.
Organizado de forma colaborativa, o projeto promove mediações de leitura, encontros com autores, ações formativas e intervenções em escolas e eventos comunitários, com a abordagem de temas como diversidade cultural, direitos humanos, cultura antirracista, acessibilidade e inclusão.
Este ano, o Roedores de Livros também foi finalista do Prêmio Candango de Literatura, na categoria "incentivo a leitura". Um curso de formação de mediadores de leitura também foi criado, em parceria com a Rede de Polos de Extensão da UnB.
VivaLeitura 2025
Este ano, a premiação bateu recorde no número de inscritos. Ao todo, foram 1.848 projetos enviados de 782 cidades de todas as regiões do país. A iniciativa premiará 25 projetos, com um vencedor e quatro finalistas. Os ganhadores recebem a quantia de R$ 50 mil e os finalistas, R$ 15 mil.
Os vencedores serão anunciados em 2026, durante a cerimônia de oficial do prêmio. Todos os projetos inscritos, selecionados ou não, são integrados ao cadastro do Minc e MEC para o mapeamento da produção cultural no Brasil.
Além de bibliotecas públicas, as categorias do VivaLeitura 2025 contemplam escolas públicas, privadas e bibliotecas escolares; práticas continuadas em espaços diversos; escrita criativa; e projetos realizados em unidades prisionais e centros socioeducativos.
“Saber que estamos entre os cinco finalistas da categoria representa um reconhecimento importante de uma trajetória construída coletivamente ao longo de quase duas décadas”, comemora Ana Paula.
Para a coordenadora, a indicação reafirma a força do trabalho desenvolvido de forma contínua, com base no voluntariado, na escuta da comunidade e na defesa da leitura como direito.
“Nossas expectativas estão menos associadas ao resultado final e mais à possibilidade de ampliar a visibilidade do projeto, fortalecer parcerias e contribuir para que outras bibliotecas comunitárias e iniciativas de leitura se sintam reconhecidas e estimuladas”, declara.
Na categoria “bibliotecas públicas, comunitárias e privadas”, também estão selecionados projetos voltados à leitura em comunidades indígenas, ribeirinhas e até bibliotecas itinerantes.
“Estar entre os finalistas já é, para nós, uma grande conquista compartilhada com todos os mediadores, parceiros e leitores que constroem diariamente a Biblioteca Comunitária Roedores de Livros”, conclui Ana Paula.
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