
O corpo mumificado de uma mulher de mais de dois mil anos teria sido tatuado com técnicas semelhantes às do presente, segundo apontou um estudo realizado na Universidade de Berna, na Suíça e publicado na revista científica Antiquity, em 31 de julho passado. A múmia foi descoberta na Sibéria, ao norte da Rússia.
A múmia, de acordo com a pesquisa, teria vivido durante a Idade do Ferro, datado de cerca de 1.200 mil anos a.C. Com cerca de 50 anos de idade à época da morte, a mulher fazia parte da cultura Pazyryk, situada na região das montanhas de Altai, entre a Rússia e a Mongólia. O corpo acabou preservado por ter sido enterrado em uma camada de solo congelada de forma irreversível, conhecida como permafrost.
Apesar de ter sido encontrada nos anos 1940, as tatuagens pelo corpo da nômade só foram identificadas em 2005. O achado só foi possível graças a utilização de uma tecnologia mais avançada, que possibilitou a diferenciação de desenhos na pele.
Veja:
O recurso mencionado diz respeito a técnicas de fotografia em alta resolução, com frequência próxima ao infravermelho. O tatuador Daniel Ridley, especializado em arte pré-histórica, também esteve presente para apoiar o estudo.
Ridley foi responsável por reconstruir as artes corporais. Alguns dos desenhos, como pássaros, tigres e alces, por exemplo, retratados em braços e mãos, tinham importância cultural. Envolviam, além disso, esforço considerável para que fossem feitas.
Os cientistas, além disso, enxergam duas hipóteses para a confecção da arte. A primeira, é que tenham sido feitas por artistas diferentes, já que, por exemplo, os desenhos feitos no antebraço direito eram mais delicados do que no esquerdo. A segunda, em contrapartida, é que as tatuagens tenham sido materializadas por um autor em fases diferentes do feitio.
A técnica escolhida teria sido a "handpoke". Ela consiste na utilização de um objeto perfurante, como uma agulha, para levar o pigmento até as camadas mais profundas da pele. A realização dos desenhos a mão, além disso, sugere alta habilidade por parte do artista.
"Tatuagens aparecem não apenas como decoração simbólica, mas como um ofício complexo que não é, de forma alguma, inferior à arte moderna. Sentimos como se pudéssemos encontrar as pessoas por trás da arte pela primeira vez e ver como trabalhavam, aprendiam e também como cometeram erros", analisou o autor principal do estudo, Gino Caspari, antropólogo da Universidade de Berna.
Em comunicado à imprensa, a universidade suíça afirmou que os achados dão indícios de que as tatuagens não eram apenas um meio de expressão estética. "Estes achados sugerem que a tatuagem na cultura Pazyryk não era apenas um meio de expressão estética, mas uma arte especializada que exigia habilidade técnica, sensibilidade estética e treinamento formal".
Ciência e Saúde
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