
Com mais de três décadas de carreira, Danni Suzuki atravessa 2025 com a segurança de quem já experimentou todos os lados do ofício, mas recusa qualquer acomodação. Em um ponto de inflexão entre maturidade artística e visibilidade também fora do país, ela se firma no elenco de duas novas séries e, ao mesmo tempo, atua como agente mobilizadora em ações humanitárias de impacto concreto.
Futuro acréscimo ao catálogo do Disney+, a série “Capoeiras” insere a atriz num território de alto significado: o da memória afro-brasileira, da corporeidade enquanto linguagem de luta e da ancestralidade como projeto de futuro.
A série é uma adaptação do livro "A balada de Noivo-da-Vida e Veneno-da-Madrugada", escrito por Nestor Capoeira e dirigida por Tomas Portella. “Capoeiras é uma série de ação e drama que mistura ancestralidade com contemporaneidade. A história fala de lealdade, amor, sobrevivência e identidade. A série traz movimento, emoção, luta física e simbólica. Estar nesse elenco é me conectar com uma parte muito potente da nossa cultura e dar corpo a uma narrativa que valoriza o Brasil profundo, forte e criativo.”
Na outra ponta do calendário, a atriz compõe também o elenco de “(In)Vulneráveis”, série do canal E! Entertainment que acompanha a rotina de profissionais da saúde em um hospital do Rio de Janeiro. Danni, que atua ao lado de Zezé Motta, antecipa que o projeto “testa personagens em ponto de ruptura emocional” e define o tom: “Já interpretei médicas antes, mas aqui o desafio foi outro. Não era sobre o heroísmo da medicina, mas sobre o esgotamento humano, os silêncios e respeito entre a equipe, o peso de cuidar quando ninguém cuida de você. Minha personagem é bem exigente, trabalha como todos ali na beira do limite tentando ser o mais profissional possível. Um orgulho tremendo estar ao lado da Zezé e tantos outros talentos em um projeto tão humano”.
Esse movimento de expansão, contudo, não se limita ao set. Em abril deste ano, Danni foi nomeada Apoiadora de Alto Perfil do ACNUR, a agência da ONU para refugiados. Desde então, tem se dedicado a ações de visibilidade e escuta ativa, com foco em campanhas como #EcoeEssasVozes, voltada a amplificação das vozes de mulheres refugiadas.
A artista evita o tom messiânico que costuma acompanhar figuras públicas nesse tipo de causa: “Meu lugar não é o da salvação. É o da presença. Eu chego para ouvir e entender o que é preciso para que as conexões sejam feitas, para devolver de alguma forma a dignidade a essas pessoas. Ser humanitária, pra mim, é criar espaços reais de transformação, não só fazer barulho, mas gerar pertencimento, gerar oportunidades”.
Entre essas ferramentas que vêm sendo articuladas pela artista em sua atuação junto a populações em situação de refúgio, destaca-se o “Passaporte Digital”, iniciativa que une sua formação em Neurociência e Comportamento com o engajamento humanitário e beneficia migrantes e refugiados, vindos de 9 países diferentes. O projeto tem o intuito de desenvolver conexões emocionais através de inteligência emocional e inteligência artificial com foco na integração sociocultural e no fortalecimento psíquico diante das rupturas do deslocamento.
“A gente vive uma era em que a tecnologia já faz parte do cotidiano, mesmo nos abrigos, mesmo nas crises. Ensinar alguém a navegar nesse mundo, com inteligência emocional e autonomia digital, também é uma forma de acolher. Porque acolhimento não é só teto. É dar chão. É ajudar a pessoa a andar sozinha de novo.”
Se há um marco palpável para essa guinada, ele está em “Segredos”: longa rodado em inglês entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, lançado no fim de 2024, que fez de Danni a primeira atriz brasileira de ascendência asiática a protagonizar um longa.
A conquista do prêmio de Melhor Drama no Monthly Film Festival da Sérvia não foi apenas uma vitória pessoal, mas um gesto inaugural para a presença amarela nas telas nacionais: “Por muito tempo, meninas como eu não se viam em lugar nenhum. Ser a primeira atriz brasileira de ascendência asiática a protagonizar um longa é mais que um papel, é abrir um caminho. Se essa história inspirar outras mulheres a se enxergarem, a acreditarem, então todo o esforço já valeu. Representatividade é quando a sua trajetória permite que outras comecem a escrever a delas”.
Mariana Morais
Mariana Morais
Mariana Morais
Mariana Morais
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