
O ano de 2026 não deve trazer mudanças apenas para o consumo e para as empresas tradicionais brasileiras. Nos bastidores do showbusiness, uma transformação silenciosa, mas profunda, promete alterar a forma como artistas organizam — e protegem — suas fortunas. A Reforma Tributária, que entra em vigor de forma escalonada a partir do ano que vem, deve atingir diretamente celebridades que estruturam seus ganhos por meio de empresas, prática comum no mercado atual.
Figuras como Sabrina Sato, que comanda campanhas multimilionárias e administra múltiplas frentes de negócios, ou Anitta, que mantém operações no Brasil mesmo morando fora e gerencia uma cadeia complexa de contratos, branding e direitos, fazem parte do grupo que deve sentir os novos ventos da legislação.
Segundo o advogado tributarista Márcio Zamboni, o impacto será expressivo porque a forma de tributação dos serviços no Brasil vai mudar radicalmente: “Hoje, artistas e profissionais liberais que faturam por meio de empresas se beneficiam de alíquotas menores nos tributos sobre serviços, com ISS entre 2% e 5%, além da possibilidade de abater despesas. Com a Reforma, a lógica muda de forma significativa. Dão lugar ao IBS e à CBS, com uma alíquota única estimada entre 25% e 27%. Serviços artísticos - que antes pagavam pouco - passarão a enfrentar uma carga muito maior”.
Essa padronização deve atingir tanto gigantes quanto iniciantes. Não só estrelas consolidadas como Sabrina e Anitta, mas também influenciadores médios, músicos independentes, apresentadores e profissionais que vivem de contratos publicitários.
E não para por aí. Além do imposto sobre consumo, a Reforma abre espaço para algo que o mercado já teme: tributação sobre a distribuição de lucros e dividendos, que hoje é isenta. A previsão na regulamentação é uma alíquota de 10%.
Para quem vive de transformar pessoa física em marca, a mudança é estrutural. “Para artistas que concentram faturamento em suas empresas e depois distribuem lucros para uso pessoal, esse novo imposto representa um impacto direto na renda disponível — especialmente em estruturas criadas exclusivamente para remunerar o artista de forma mais eficiente”, analisa Zamboni.
Por fim, o especialista ressalta que não se trata apenas de um alerta ao topo da indústria. “Não é apenas esse grupo que sentirá a pressão. Influencers, músicos, apresentadores e qualquer profissional que presta serviços intelectuais por meio de PJ deve revisar seu modelo tributário”, conclui.
O ano de 2026, portanto, será decisivo para quem vive de imagem, performance e presença. Se, por um lado, nomes como Sabrina Sato e Anitta seguem movimentando cifras de tirar o fôlego, por outro, o backstage financeiro dessas estrelas — e de milhares de criadores de conteúdo — passará por ajustes obrigatórios.

Mariana Morais
Mariana Morais
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