
Premiado com a estatueta de Filme do ano no Oscar 2025, Anora foi um dos longas com menos custos para a produção: US$ 6 milhões, sendo mais caro apenas que Ainda estou aqui, com orçamento de US$ 1,35 milhão. Na campanha para a premiação, no entanto, a obra protagonizada por Mikey Madison custou o triplo: US$ 18 milhões. A informação foi revelada por Tom Quinn, CEO da Neon, produtora independente responsável pela distribuição de Anora, para a revista norte-americana Variety.
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Mesmo com o custo, e com a bilheteria pouco expressiva — Anora é um dos vencedores do prêmio principal com menor arrecadação no cinema da história —, Quinn garante que fez um negócio lucrativo. Desde o lançamento, Anora arrecadou cerca de US$ 16,1 milhões nos Estados Unidos e US$ 41,4 milhões internacionalmente. A Neon controla os direitos nacionalmente, enquanto a Universal Pictures International controla na maioria dos demais países. “[Bilheteria] não é a única fonte de receita. Anora é o número 1 em todas as plataformas de entretenimento — Amazon, Apple. Isso é enorme”, declara.
E de bons negócios ele entende. Esse é o segundo Oscar de Melhor filme da Neon, uma produtora independente com cerca de 60 funcionários fundada em 2017. O primeiro veio em 2020, com o filme sul-coreano Parasita (2019), campanha em que a empresa gastou US$ 20 milhões.
Na entrevista, o CEO explicou as peculiaridades da campanha para a segunda vitória e garantiu que a distribuidora “seguiu a batida do próprio tambor”. “A ideia de bajular a campanha em vez de ser quem você é como um filme é uma grande e gritante diferença. Nós nunca tocamos para a campanha. Nós sempre tocamos para o filme, cineasta e público — nessa ordem”, comentou.
A estratégia da Neon se diferenciou antes da estreia do filme, quando colocou um caminhão em frente a uma oficina mecânica em Los Angeles para vender produtos de merchandising de Anora. Na primeira exibição do longa, em vez de eleitores do Oscar, a produtora convidou profissionais do sexo para assistir à obra em primeira mão.
Para os padrões de Quinn, a campanha gastou muito em marketing. Anda assim, o valor é pequeno comparado a outras produtoras. Segundo a Variety, a A24, suposto rival da Neon, gastou cerca de US$ 60 milhões na temporada com O Brutalista (2024). Quinn tentou comprar os direitos do longa, que faturou três estatuetas, mas o diretor optou pela concorrente.
As duas produtoras independentes têm dominado o cenário das premiações, mas o CEO da Neon garante que não há rivalidade. “Eu pensei que eles poderiam ser nossos maiores concorrentes. Mas, como se vê, nosso maior concorrente tem sido a Netflix”, afirmou. Em 2022, o ano foi da A24, com o sucesso de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022), que faturou sete estatuetas.
Para a Neon, 2024 foi o ano de maior sucesso da empresa. Além das cinco estatuetas, a distribuidora conquistou, com Anora, a quinta Palma de Ouro consecutiva. A empresa comemora ainda o sucesso com os filmes de terror de menor orçamento Longlegs (2024) e O Macaco (2025), ainda em cartaz.