Música

Dora Morelenbaum traz o show 'Pique' para festival no Parque da Cidade

'Pique' é o disco de estreia de Dora Morelenbaum, que canta neste sábado (26/7) no Festival de Inverno do Sesc

Cantora Dora Morelenbaum -  (crédito: Divulgação)
Cantora Dora Morelenbaum - (crédito: Divulgação)

Como parte da programação do Festival de Inverno do Sesc, Dora Morelenbaum traz a Brasília o show Pique, a turnê do primeiro álbum solo da cantora. O show está programado para este sábado (26/7), depois das apresentações de Sidney Magal e do Móveis Coloniais de Acaju. “Vai ser primeira vez que vou fazer o show do meu disco novo em Brasília com banda. Toquei antes de lançar o disco, em um show no Infinu, sozinha”, conta. “Mas ainda não tive a oportunidade de levar o show do disco Pique. E esse show está muito especial. Super redondo, já mais maduro”.

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Lançado em 2024 e com 11 faixas, Pique tem uma atmosfera sensorial forte na qual a cantora brinca com a própria voz e constrói paisagens sonoras sofisticadas com arranjos nos quais sopros e cordas ganham uma relevância significativa. Zé Ibarra é um dos parceiros de Dora nas faixas Caco e Essa confusão. Tom Veloso também é um parceiro no disco e Ana Frango Elétrico fez a produção e a direção musical. 

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O pai, Jaques Morelenbaum, ajudou no arranjo de Essa confusão, e a mãe, Paula, emprestou os vocais. “Tenho a sorte e o privilégio de ter crescido num lar musical e sempre aprendi muito com isso, mas também tracei meu próprio caminho. Mas levo sempre meus pais como grande referência. Minha mãe participa fazendo coro no disco, um momento mais lúdico e divertido. E meu pai também. Em um dos arranjos, propus pra ele fazermos juntos. Foi super emocionante pra mim, porque aprendi a fazer arranjos ouvindo os arranjos dele. Foi uma delícia compartilhar”, garante a cantora. 

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O nome de Dora começou a ganhar relevância na cena musical com uma série de singles, entre eles Ânima, gravado com Zé Ibarra e Tim Bernardes, Dó a dó e Japão. Em seguida veio a febre da banda Bala desejo, formada durante a pandemia com Julia Mestre, Zé Ibarra e Lucas Nunes. O grupo gravou um único disco, Sim, sim, sim, fez turnê por todo o Brasil e  depois encerrou os trabalhos. Em entrevista, Dora fala sobre a produção de Pique e a construção de uma identidade musical. 


Serviço

Festival de Inverno do Sesc

Show de Dora Morelenbaum

Neste sábado (26/7), a partir de 16h, Estacionamento 9 do Parque da Cidade


ENTREVISTA/Dora Morelenbaum


Como levar a sofisticação de Pique para o palco?

A gente gravou o álbum quase todo ao vivo, os músicos todos tocando juntos, ao vivo. O que tem para além disso, como cordas e sopros, acaba entrando nesses instrumentos que a gente vai levando. Mas a base do álbum, a gente construiu de forma que fosse fácil levar para o palco, para que a base, que é teclado, bateria, baixo e guitarra, segurasse a atmosfera do disco. E a gente é bem fiel aos arranjos, porque foram pensados justamente para o palco. Mas também tem arranjos novos e músicas que foram influências para esse disco.


Sobre esse álbum, pode contar um pouco como surgiu? 

Esse disco, quanto mais eu falo sobre ele, mais vou entendo. Desde o início, quis tratar das subjetividades que tratei nas primeiras canções: texturas e construções de paisagens sonoras. Essa coisa dos arranjos foi muito importante para essa primeira ideia do álbum. E fui chamando amigos para fazer as letras. Virou um disco que é um compilado de canções de amor, com olhares diferentes e intenções diferentes, e isso foi criando essas texturas na música. A gente está em um momento em que tudo é muito literal e algumas coisas precisam ser mesmo, mas é muito bom equilibrar com subjetividades, com um lugar menos objetivo. E essa construção de paisagens que têm outro significado guiou a construção do álbum


O disco tem letras muito líricas e melodias muito sensoriais. É isso que você quis explorar no disco?

Acho que é isso, essa camada do sensorial, do subjetivo, é o que o toca as pessoas mais profundamente. Embora saiba que a poesia também encontra as pessoas e elas se identificam, sinto que essa camada é mais sutil e mais profunda. E é como eu me encontro na música também, con esse lado sensorial e objetivo. Meu discurso sempre nasce a partir disso. E, em cima disso, eu queria valorizar esse lado sensorial em cada uma das músicas. São sensações que não eram literais, tinha a ver com movimentos, luzes, passar do tempo. Queria traduzir isso para as músicas por esse viés. 


É meio cinematográfico também?

É isso que acho lindo na música: faço as canções, mas, ainda assim, as pessoas conseguem construir as próprias paisagens em cada música. Cada pessoa vê aquela música com as próprias texturas em cima da que eu propus.


Como é a relação entre passado e presente na sua música?

Nesse álbum quis ultrapassar um pouco isso. Até então, as coisas que eu trabalhava tinham mais essa fonte de referência (dos anos 1960/1970), mas, dessa vez, quis levar mais para os sons que ouço hoje em dia, como Erykah Badu, rhythm & blues. Esse álbum me tira um pouco desse lugar mais comum de referências geniais dos anos 1970 do Brasil.


E o Bala desejo?

Agora a gente está dando um tempo saudável, cada um lançando os próprios trabalhos. O Bala foi muito circunstancial, veio no momento pandêmico. A gente viveu aquilo intensamente, mas, passado esse momento, outras coisas passaram a ser mais pulsantes para cada um de nós. E a gente está priorizando essas coisas. Mas nunca se sabe o que vem por aí.

 

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postado em 25/07/2025 16:16
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