A pergunta "Quem pode contar a própria história?" guia o Sempre um papo de hoje, com participação dos escritores Bianca Santana e Matheus Leão. Os convidados vão debater o tema na Caixa Cultural Brasília, às 19h30, com entrada gratuita mediante a retirada de ingressos, que serão distribuídos na bilheteria duas horas antes do início do evento.
Bianca é jornalista, colunista da Folha de S.Paulo e autora dos livros Quando me descobri negra, Arruda e guiné: resistência negra no Brasil contemporâneo e Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro. Em sintonia com o tema do encontro, Quando me descobri negra é um relato das vivências da escritora, e traz uma série de narrativas sobre raça, classe, e gênero.
Na introdução da primeira edição, em 2015, ela descreve o desconforto de estar publicando um livro, "como se isso não fosse o esperado de pessoas como eu. Depois, no doutorado, eu estudei a escrita de mulheres negras e me aprofundei, teoricamente, nos mecanismos racistas que nos fazem acreditar que determinados sujeitos produzem conhecimento, literatura, e outros não. Escrever, para mulheres negras, em termos foucaultianos, é resistir ao racismo, ao sexismo, às desigualdades sociais", ressalta a autora.
Vencedor dos prêmios Esso, Embratel, Vladimir Herzog e o SIP, da Sociedade Interamericana de Imprensa, Matheus Leitão tem especialização em jornalismo investigativo e, atualmente, é colunista da Veja. O jornalista é conhecido pelo livro Em nome dos pais, relato da experiência dos pais dele, Marcelo Netto e Míriam Leitão, durante a ditadura militar e do processo de investigação que o levou a todas as histórias descritas na obra.
Criado em 1986, o Sempre um papo é um projeto cultural que realiza encontros entre importantes nomes da literatura, personalidades nacionais e internacionais com o público ao vivo. O projeto já passou por mais de 30 cidades, difundindo a literatura para um público superior a dois milhões de pessoas. "No Sempre um Papo é possível aprender muito sobre temas complexos, ao observar convergências e divergências entre participantes, ao ter acesso às referências citadas, ao fazer perguntas, ao vivo, sobre quaisquer temas. Ouvir escritoras e escritores nos ajuda a compreender mais de sua obra, e é também um convite à leitura de suas obras", explica Bianca Santana.
Para ela, o incentivo à leitura precisa ser uma prioridade para melhorar não apenas a educação, mas a leitura crítica do mundo: "Formar leitoras e leitores contribui para o fortalecimento da democracia, além de preparar pessoas para os desafios de um mundo em constante transformação", destaca a escritora. Além do debate na Caixa Cultural Brasília, Bianca também vai realizar uma oficina sobre escrita literária, memória e invenção, no dia 26 de julho, das 10h às 12h. A atividade será remota, via Google Meet, e os interessados devem se inscrever previamente pelo site da Sempre um Papo.
"Trabalhar a própria escrita não traz benefícios apenas para escritores e escritoras. Quaisquer pessoas podem querer registrar as próprias memórias, histórias de família, da própria comunidade. Os benefícios coletivos, de registro de memória, são muitos. Individualmente, aprimorar a escrita nos ajuda a organizar o pensamento, compreender melhor nossos desejos e sonhos, e praticar o autocuidado", finaliza Bianca Santana.
Sempre um papo recebe Bianca Santana e Matheus Leitão
Hoje, às 19h30, na Caixa Cultural Brasília (SBS - Quadra 4 - Lotes 3 e 4). Entrada gratuita mediante retirada de ingressos, que serão distribuídos na bilheteria duas horas antes do início do evento. Não recomendado para menores de 14 anos.
*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco
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