
Mastercard, Visa e Paypal foram pressionadas recentemente por um coletivo organizado australiano, chamado Collective Shout (grito coletivo, em tradução) que luta contra a sexualização de mulheres e meninas na mídia. O grupo enviou uma carta às grandes empresas financeiras no dia 14 de julho, para que plataformas como o Steam e o Itch.io parassem de receber suporte das instituições. A principal acusação seria de que ambas possuem centenas de jogos que contém estupro, incesto e outros tipos de violência sexual.
A idealizadora do projeto, a ativista feminina, Caitlin Roper disse em uma entrevista para a ABCque encontrou apenas na Steam, cerca de 491 jogos com a palavra-chave sendo incesto e estupro na plataforma, antes de lançar a campanha. Na mesma entrevista ela diz que vê esse tipo de produto como uma propagação violência contra a mulher e misoginia: “Esse tipo de misoginia e a normalização da violência contra a mulher alimenta causar o mal a mulheres e meninas no mundo real”.
Após a carta, as empresas ouviram o coletivo e ameaçaram cortar a infraestrutura financeira presente nos sites. Assim como apontou o Voxel, a Valve, dona da Steam, alterou recentemente as diretrizes de publicação de jogos em sua plataforma adicionando uma seção chamada “O que você não deve publicar na Steam”, nela a empresa coloca uma nova regra de sentido vago:
“Conteúdo que possa violar as regras e os padrões estabelecidos pelos processadores de pagamento da Steam e pelas redes de cartão e bancos relacionados, ou pelos provedores de internet. Em particular, certos tipos de conteúdo exclusivo para adultos” diz a cláusula, endereçando-a diretamente às instituições financeiras.
A nova diretriz quebra a postura que a empresa adota desde 2018, em que apoiava todo tipo de conteúdo, com tanto que não violasse nenhuma lei, mas a empresa resolveu recuar nessa decisão após a polêmica.
A Steam não foi a única afetada pela demanda das empresas financeiras, a plataforma de jogos independentes Itch.io removeu todo o conteúdo adulto de sua loja para evitar o bloqueio do serviço das empresas.
“Esse é um momento crítico para o itch.io. A situação escalonou rápido e nós precisamos agir urgentemente para proteger a infraestrutura de pagamento da plataforma” disse a companhia em nota ao The Guardian. No trecho a plataforma avisa que a mudança teve de ser tão súbita que eles não conseguiram nem avisar os criadores que essa remoção aconteceria.
Pronunciamento
Jogadores descontentes acusaram as empresas de uma tentativa de censura em cima desses jogos, com muitos lotando os canais de comunicação telefônica da Mastercard. Na última sexta-feira (1º/8) a Mastercard divulgou em nota que não teria feito nenhuma pressão em cima da Steam para remover jogos adultos:
https://t.co/ORNC1ZIyck pic.twitter.com/T4B9cVUuLY
— Mastercard News (@MastercardNews) August 1, 2025
“Esclarecendo algumas manchetes sobre conteúdo de jogos
A Mastercard não avaliou nenhum jogo, nem restrições de nenhuma atividade de nenhum site criador de jogos e plataformas, diferente do que dizem as reportagens e alegações da mídia.
Nossa rede de pagamentos segue um padrão baseado nas leis vigentes. Simplificando, nós permitimos todas as compras dentro da lei em nossa rede. Aos mesmo tempo, nós pedimos aos vendedores para ter controle apropriado para garantir que os cartões Mastercard não possam ser usados para compras ilegais, incluindo conteúdo adulto ilegal”
Logo depois do pronunciamento da Mastercard, o Kotaku entrou em contato com um porta-voz da Valve para ouvir uma resposta sobre a declaração. O porta-voz disse que a Mastercard não falou diretamente com a empresa, as demandas chegaram através de intermediários bancários. Apontando que as regras atuais da Valve violam as regras da Mastercard. Mais especificamente, a regra 5.12.7.
A regra 5.12.7 diz: “Um mercador não deve se submeter ao seu adquirente, e o consumidor não deve se submeter ao Sistema de Intercâmbio e Transação que é ilegal ou no critério único da Corporação, possa danificar o bem-estar da Corporação ou reflita negativamente em suas Marcas.
A venda do produto ou serviço, incluindo uma imagem que possa ser patentemente ofensiva ou falta valores artísticos sérios (como, por exemplo, e não limitado a, imagens de comportamento sexual não consensual, exploração sexual de menor, mutilação não consensual de pessoa ou parte do corpo e bestialidade), ou qualquer outro material que a Corporação considere inaceitável para venda que tenha com conexão com a Marca.”
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Até o momento nenhuma outra empresa financeira veio a público comentar a polêmica, e a guerra entre as pessoas anti-jogos adultos e os que acreditam que o movimento das empresas financeiras é advindo de uma censura, continua.
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