televisão

Gabriel Canella retorna à tevê com um Vermelho "ainda mais colorido"

Revivendo em 'Êta mundo melhor!' personagem originário de "Êta mundo bom!", o ator Gabriel Canella celebra trajetória marcada pela atuação premiada e com espaço para formações em direito e psicologia. "Sabedoria é o maior patrimônio", diz

Gabriel Canella, ator -  (crédito: Sergio Santoian)
Gabriel Canella, ator - (crédito: Sergio Santoian)

Gabriel Canella regressa às novelas em Êta mundo melhor!, quase 10 anos após ter vivido o mesmo personagem, Vermelho, em Êta mundo bom!. A volta não é apenas um reencontro com o passado, mas uma síntese de uma trajetória marcada pelo amadurecimento, pelo rigor do ofício e por conquistas que levaram seu nome para além das fronteiras brasileiras.

"Acredito que amadureci muito como pessoa e como ator. Estou em uma fase da vida em que me sinto bem comigo mesmo, fruto da maturidade e dos conhecimentos que adquiri", disse ele, que, além de ator, também trabalhou como produtor e RP em restaurantes e eventos, experiências que o ajudaram a construir o lado múltiplo do Vermelho. "O personagem que trago agora é mais colorido, cheio de emoções e nuances. Acredito que o trabalho do ator é justamente esse elo entre nós e o personagem: tudo já está dentro de nós, o desafio é descobrir como acessar e entregar isso em cena". 

Entre teatro, cinema e televisão, o fluminense de 42 anos construiu uma carreira que se alimenta tanto da disciplina quanto da inquietação, e que agora encontra na maturidade um novo fôlego para reinterpretar um velho conhecido. "Sou um ator dedicado, estudioso e apaixonado pelo que faço, e essa entrega intensa é o que guia minha evolução constante", afirmou Gabriel.

Arte do "ao vivo"

A jornada começou como um gesto íntimo: um jovem de 19 anos que buscava no palco uma forma de enfrentar a timidez. A estreia em 2002, na montagem de O Ateneu sob a direção de Leonardo Brício e André Mattos, abriu-lhe as portas para um universo de experimentações. Vieram depois Hamlet ou Morte, peça laureada com o Prêmio Cenym, e Êxtase, de Walcyr Carrasco, entre outros trabalhos que solidificaram sua presença na cena teatral.

"O teatro é a arte do 'ao vivo'. Tudo acontece no presente, diante do público, e isso traz uma liberdade única. Costumo dizer que o teatro é a arte do ator; a tevê, do produtor; e o cinema, do diretor", explica Canella, analisando as diferenças entre os veículos da dramaturgia. "No teatro, tenho tempo de ensaiar, experimentar e aprofundar a criação, algo mais restrito em televisão e cinema por conta dos custos e da logística. Além disso, no palco podemos realizar os personagens que sonhamos, especialmente quando produzimos nossos próprios espetáculos. Já em tevê e cinema, dependemos muito mais de escalações e convites", completa.

Mosaico visual

Ruivo natural, Canella lembra que enfrentou restrições por sua aparência, mas vê a paisagem mudar. “O Brasil é plural e o audiovisual precisa refletir esse mosaico. Indígenas, negros, brancos, asiáticos, albinos, ruivos… todos merecem se ver representados na tela”, defende.

Com mais de 100 campanhas no currículo, a publicidade foi fundamental na trajetória de Gabriel. "Me deu sustentação financeira durante muitos anos. Os cachês eram muito mais altos do que hoje, e um único comercial, como os da Coca-Cola (que fiz três vezes em campanhas mundiais), podia garantir praticamente o ano todo. Além disso, com a veiculação internacional, era possível receber renovações de cachê, o que tornava os trabalhos ainda mais viáveis", conta ele, que fez campanhas mundiais para marcas como Coca-Cola, Burger King, Axe, Nestlé, entre outras.

Com uma trajetória tão diversa, Canella não enumera nenhum trabalho como o mais desafiador. "Todos trazem desafios. No teatro, por exemplo, interpretar Shakespeare, Nelson Rodrigues e Tennessee Williams foi uma imersão profunda na alma humana. Já em tevê e cinema, o desafio é dar nuances de comportamentos e emoções aos personagens em um tempo mais curto. Hoje, na novela, busco um Vermelho cheio de cores e camadas emocionais. Cada projeto me testa de um jeito único", conclui.

Sabedoria e empatia

Nascido em Niterói, formado em artes cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), bacharel em direito e hoje estudante de psicologia, Canella se constrói como ator e como homem a partir de múltiplas vivências que se entrelaçam e retornam, inevitavelmente, à sua arte. "Tudo o que estudo fora da atuação alimenta minha composição de personagens. Para mim, a sabedoria é o maior patrimônio que podemos conquistar. Estudar atuação me torna não apenas um ator mais completo, mas também uma pessoa mais empática", assinala o artista.

Na televisão, a primeira aparição se deu em O profeta, em 2006, quando interpretou Isaías, papel que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Contigo de Ator Revelação. No cinema, seu nome ganhou ressonância internacional em 2018 com Anima Sola, de Roberto Jabor, que lhe trouxe mais de vinte prêmios de melhor ator em festivais pelo mundo. Bergamota, longa dirigido por Hsu Chien, lançado em 2024 e ainda em circulação em festivais, soma já mais de uma centena de prêmios.

Para Gabriel, essas conquistas funcionam menos como troféus e mais como confirmação de caminho: “Atuar é expor as dores e segredos do personagem para que o espectador se reconheça. Cada prêmio é a certeza de que sigo na trilha certa.”

No streaming, estreou com estrondo em Reality Z, série de terror da Netflix escrita por Charlie Brooker, criador de Black Mirror. A lembrança que guarda é de um set vibrante, de liberdade criativa e da oportunidade de trabalhar sob a batuta de Cláudio Torres e Rodrigo Monte. Ali, como um dos personagens centrais, Canella viveu a experiência de alcançar espectadores do mundo inteiro. "A série lembra bastante The Walking Dead e, inclusive, recebi uma mensagem do Instagram da série me parabenizando pelo trabalho, o que foi marcante para mim", lembra, orgulhoso.

Reinvenção constante

Há ainda um elo afetivo com as origens que perpassa sua obra: a avó Maria Elisa, professora que, já aposentada, ousou realizar o sonho de estudar teatro e subir aos palcos. “Com ela aprendi a importância de ser uma pessoa de bem e de nunca desistir dos sonhos, mesmo que pareçam tardios.”

É dessa lição que Canella tira forças para seguir em reinvenção constante. Nos planos futuros, despontam dois espetáculos teatrais — Nós, herdeiros, de Walter Daguerre com direção de Patrícia Selonk, e um projeto conduzido por Ullysses Cruz — além de dois curtas-metragens em fase de produção. Canella também integra o Studio Casa, grupo de estudos inspirado no Actor’s Studio de Nova York, espaço de trocas que já recebeu diretores internacionais como Javier Molina.

Para ele, o talento é uma chama que só se mantém acesa com estudo contínuo. “Meu maior sonho é continuar vivendo da minha profissão, atuando, produzindo meus sonhos e conquistando a empatia do público. O essencial é não parar de criar”, conclui.

  • Gabriel Canella, ator
    Gabriel Canella, ator Sergio Santoian
  • Gabriel Canella, ator
    Gabriel Canella, ator Sergio Santoian

Sabedoria e empatia

Nascido em Niterói, formado em artes cênicas pela CAL, bacharel em direito e hoje estudante de psicologia, Canella se constrói como ator e como homem a partir de múltiplas vivências que se entrelaçam e retornam, inevitavelmente, à sua arte. "Tudo o que estudo fora da atuação alimenta minha composição de personagens. Para mim, a sabedoria é o maior patrimônio que podemos conquistar. Estudar atuação me torna não apenas um ator mais completo, mas também uma pessoa mais empática", assinala o artista.

Na televisão, a primeira aparição se deu em 'O profeta', em 2006, quando interpretou Isaías, papel que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Contigo de Ator Revelação. No cinema, seu nome ganhou ressonância internacional em 2018 com 'Anima Sola', de Roberto Jabor, que lhe trouxe mais de vinte prêmios de melhor ator em festivais pelo mundo. 'Bergamota', longa dirigido por Hsu Chien, lançado em 2024 e ainda em circulação em festivais, soma já mais de uma centena de prêmios.

Para Gabriel, essas conquistas funcionam menos como troféus e mais como confirmação de caminho: "Atuar é expor as dores e segredos do personagem para que o espectador se reconheça. Cada prêmio é a certeza de que sigo na trilha certa."

No streaming, estreou com estrondo em 'Reality Z', série de terror da Netflix escrita por Charlie Brooker, criador de 'Black mirror'. A lembrança que guarda é de um set vibrante, de liberdade criativa e da oportunidade de trabalhar sob a batuta de Cláudio Torres e Rodrigo Monte. Ali, como um dos personagens centrais, Canella viveu a experiência de alcançar espectadores do mundo inteiro. "A série lembra bastante 'The walking dead' e, inclusive, recebi uma mensagem do Instagram da série me parabenizando pelo trabalho, o que foi marcante para mim", lembra, orgulhoso. 

Reinvenção constante

Há ainda um elo afetivo com as origens que perpassa sua obra: a avó Maria Elisa, professora que, já aposentada, ousou realizar o sonho de estudar teatro e subir aos palcos. “Com ela aprendi a importância de ser uma pessoa de bem e de nunca desistir dos sonhos, mesmo que pareçam tardios.”

É dessa lição que Canella tira forças para seguir em reinvenção constante. Nos planos futuros, despontam dois espetáculos teatrais — Nós, herdeiros, de Walter Daguerre com direção de Patrícia Selonk, e um projeto conduzido por Ullysses Cruz — além de dois curtas-metragens em fase de produção. Canella também integra o Studio Casa, grupo de estudos inspirado no Actor’s Studio de Nova York, espaço de trocas que já recebeu diretores internacionais como Javier Molina.

Para ele, o talento é uma chama que só se mantém acesa com estudo contínuo. “Meu maior sonho é continuar vivendo da minha profissão, atuando, produzindo meus sonhos e conquistando a empatia do público. O essencial é não parar de criar”, conclui.

  • Google Discover Icon
postado em 28/08/2025 09:00
x