Festival de Brasília

Mostras paralelas diversificam cardápio de filmes do festival

Longas-metragens de fora da Mostra Competitiva oferecem panorama da produção contemporânea e relembram destaques de edições anteriores

Cineasta Safira Moreira retrata o luto pela perda da mãe no documentário Cais -  (crédito: Divulgação)
Cineasta Safira Moreira retrata o luto pela perda da mãe no documentário Cais - (crédito: Divulgação)

Para além da disputa do Troféu Candango, mostras paralelas do Festival de Brasília apresentam 15 filmes recentes e cinco clássicos que marcaram a premiação mais antiga do cinema brasileiro. Essas exibições se espalham por espaços como Sesc 504 Sul e Teatro Sesc Silvio Barbato, no Setor Comercial Sul. Compõem a programação alternativa as mostras Caleidoscópio, 60 anos, Coletivas Identidades, História(s) do Cinema Brasileiro e Festival dos Festivais.

Segundo o curador artístico do festival, Eduardo Valente, a importância das mostras paralelas é aumentar a amplitude de produções selecionadas para o evento e acompanhar o ritmo do cinema brasiliero. Quando foi criado, o festival tinha um recorte menor, o que não fornecia "um panorama, para o público de Brasília, do cinema brasileiro como um todo", explica Valente. "O motivo de escolher esse conjunto de mostras é entender como o festival sempre dialogou com essas dimensões, tanto da história do cinema brasileiro, mas também do Brasil e do mundo", completa.

Com produções de cinco estados brasileiros, a paralela Caleidoscópio reúne ficção, trabalhos experimentais, um documentário e uma animação. Diretor de Nosferatu, uma das obras selecionadas, Cristiano Burlan afirma que "estrear no Festival de Brasília tem um peso enorme". Para ele, a capital "foi e continua sendo palco de filmes que confrontam. O cinema brasileiro precisa de espaços como esse para continuar existindo com potência". O elenco de Nosferatu tem nomes como Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet, que foi um dos idealizadores do festival e morreu em julho deste ano, pouco depois do fim da produção do filme. "A presença dele foi física, densa, viva. Elevava tudo ao redor", diz Burlan.

Os filmes Palco cama, de Jura Capela; Atravessa minha carne, de Marcela Borela; Uma baleia pode ser dilacerada como uma escola de samba, de Marina Meliande e Felipe M. Bragança; e Nimuendajú, de Tania Anayaúri, também integram a mostra Caleidoscópio. O vencedor dentre os cinco filmes será eleito por um Júri composto pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) e por estudantes de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB). "Avaliamos o filme por inteiro, desde questões técnicas até sentimentos que funcionaram ou não", diz a jurada jovem Cindy Abrantes.

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    Em Vasta natureza de minha mãe, o registro do cotidiano entre mãe e filho Divulgação
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    Em Nosferatu, Cristiano Burlan dirigiu Jean-Claude Bernardet Divulgação

Há mais de uma década, a mostra Festival dos Festivais integra o principal evento brasiliense de cinema. Neste ano, longas premiados na Mostra de Tiradentes, no Panorama Coisa de Cinema, no CachoeiraDoc, no In-Edit e no Olhar de Cinema são exibidos em Brasília. O eixo que atravessa as quatro produções é a relação do ser humano com o contexto geográfico. Em Vasta natureza de minha mãe, de Aristótelis Tothi e Inez dos Santos, o registro do cotidiano se torna matéria-prima de afeto entre mãe e filho, enquanto A mulher sem chão retrata a tentativa da indígena Auritha de se firmar em São Paulo, longe da família. Cais, de Safira Moreira, e As travessias de Letieres Leite, de Iris de Oliveira e Day Sena, completam a mostra. 

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Coletivas Identidades, com Pau d'arco, de Ana Aranha; Notas sobre um desterro, de Gustavo Castro; e A voz de Deus, de Miguel Antunes Ramos, contêm três filmes que abordam questões sociais. Composta por Relâmpagos de críticas murmúrios de metafísicas, de Julio Bressane e Rodrigo Lima; Os ruminantes, de Tarsila Araújo e Marcelo Mello; e Anti-heróis do udigrudi baiano, de Henrique Dantas, História(s) do Cinema Brasileiro reverbera legados dos 60 anos de trajetória da competição em produções contemporâneas. Ambas as mostras são realizadas no Sesc, a primeira na unidade da 504 Sul e a segunda no Setor Comercial Sul.

Como parte da comemoração das seis décadas do Festival, serão exibidos dois longas que integraram a Semana do Cinema Brasileiro, em 1965, embrião do Festival de Brasília: São Paulo S/A e A falecida, com o qual Fernanda Montenegro, homenageada da atual edição, foi premiada. Além disso, haverá sessão com três curtas de Kleber Mendonça Filho que também passaram pelo festival. 

Serviço

Mostra Caleidoscópio, no Cine Brasília

» Nosferatu, de Cristiano Burlan, na segunda-feira (15/9), às 15h, no Cine Brasília

» Palco cama, de Jura Capela, na terça-feira (16/9), às 15h

» Atravessa minha carne, de Marcela Borela, quarta-feira (17/9), às 15h 

» Uma baleia pode ser dilacerada como uma escola de samba, de Marina Meliande e Felipe M. Bragança, quinta-feira (18/9), às 15h

» Nimuendajú, de Tania Anaya, sexta-feira (19/9), às 15h

Mostra Festival dos Festivais, no Sesc 504 Sul

» Cais, de Safira Moreira, terça-feira (16/9), às 17h 

» A mulher sem chão, de Auritha Tabajara e Débora McDowell, quarta-feira (17/9), às 17h 

» Vasta natureza de minha mãe, de Aristótelis Tothi e Inez dos Santos, quinta-feira (18/9), às 17h

» As travessias de Letieres Leite, de Iris de Oliveira e Day Sena, sexta-feira (19/9), às 17h 

Mostra Coletivas Identidades, no Sesc 504 Sul

» Pau d'arco, de Ana Aranha, quarta-feira (17/9), às 19h

» Notas sobre um desterro, de Gustavo Castro, quinta-feira (18/9), às 19h

» A voz de Deus, de Miguel Antunes Ramos, sexta-feira (19/9), às 19h

Confira aqui a programação completa do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

*Estagiários sob supervisão de Severino Francisco


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postado em 15/09/2025 04:50
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